Resumo

O trabalho em rede constituiu-se como uma significativa forma de organização da sociedade. Trata-se da associação de sujeitos, entidades ou instituições, movida pela vontade coletiva de realizar determinado objetivo. Neste sentido, a partir de novembro de 2009, desenvolve-se no bairro Alto do Mateus, município de João Pessoa/PB, uma Rede Socioassistencial com a proposta de intercambiar experiências e articular atividades intersetoriais, a fim de melhorar a qualidade de vida da população nesta localidade. Este estudo vem relatar a experiência de formação desta rede, refletindo sobre suas possibilidades e desafios, a partir do olhar de residentes em Saúde da Família e Comunidade da UFPB, participantes da mesma. A construção da rede se deu por iniciativa do Centro de Referência da Assistência Social do referido bairro, que realizou o I Seminário da Rede Local, com o tema “Intersetorialidade para a Inclusão Social”, que reuniu instituições públicas de educação, saúde e assistência social; ONGs que discutem saúde da mulher, direitos da criança e do adolescente, uso e abuso de drogas, inclusão produtiva, cultura, esporte; entidades religiosas, e outros. Após o seminário, o grupo manteve reuniões mensais, com média de participação efetiva de ao menos 05 dos segmentos citados, e espaço virtual para comunicação através de lista de discussão. O trabalho em rede com este formato viabilizou, em março de 2010, a realização de uma grande ação na comunidade enfocando a Saúde da Mulher numa perspectiva ampliada, e já começa a delinear uma atividade voltada para a educação de crianças e adolescentes, sendo notável a força conferida a estas ações graças à articulação na rede local. Ao longo de 06 meses de experiência, observa-se maior capilarização do conhecimento sobre os serviços e atividades desenvolvidas no bairro, e a possibilidade real de ir além dos limites das instituições, organizações e entidades envolvidas, alcançando e fortalecendo outros segmentos e a comunidade de uma maneira mais ampla. Entretanto, há fragilidades, como a dificuldade de unir agendas e de alimentar continuamente a vontade coletiva de manutenção da articulação em rede. Como alternativas para trabalhar essas fragilidades, o grupo aponta hoje para o estímulo à cultura da participação, da cooperação, da co-responsabilidade, mas também potencializa a produção da autonomia entre segmentos, propondo discussões sobre mecanismos de acompanhamento, avaliação e divulgação das ações mais eficientes.