Resumo

Na atualidade, um número cada vez maior de organizações vem se preocupando com o processo de aposentadoria dos seus trabalhadores. Trata-se de um período no qual o cuidado com a saúde é essencial na vida dos indivíduos. Nesse período o trabalhador tem que lidar com dois momentos distintos: uma crise pela dificuldade em desligar-se da atividade laborativa e uma satisfação com o sentimento de liberdade e de dever cumprido gerado pelo mesmo processo. Diante dessa realidade, vem se desenvolvendo em uma instituição de saúde um Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA) preocupado com a saúde desse grupo. O objetivo central é cuidar dos trabalhadores que vivenciam esse momento e prevenir os possíveis adoecimentos advindos. Assim, para a implantação do PPA foi realizado um estudo piloto com 20 trabalhadores integrantes de uma associação de aposentados. O perfil dos entrevistados é predominantemente feminino (90%), com idade variando entre 55 e 75 anos. Dos 20, 80% já tem mais de 10 anos de aposentadoria e se aposentaram por tempo de serviço, no entanto, 30% não conhecia seus direitos pós-aposentadoria e 55% reconhecem que esse processo alterou sua situação socioeconômica. Quanto a preparação para a aposentadoria, apesar de todos os entrevistados terem classificado como positivo seu primeiro dia como aposentado e 90% terem se avaliado preparados para a aposentadoria, 35% dos trabalhadores perceberam a necessidade de uma preparação para a aposentadoria. Em relação ao processo saúde-doença-trabalho, 30% identificaram alterações em sua saúde após a aposentadoria e 60% têm informação acerca de algum colega de trabalho que adoeceu após a aposentadoria. A partir dos resultados acima descritos, pode-se inferir a existência de uma correlação entre o processo de adoecimento e a aposentadoria não planejada. Do mesmo modo, é essencial o desenvolvimento de ações de promoção de saúde e prevenção de agravos a fim de amenizar os impactos sobre a saúde dos trabalhadores que atravessam essa fase da vida.