Resumo

O presente trabalho aborda a aplicação de um modelo de governança a um processo de Inclusão Digital realizado com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da Região Administrativa de Sobradinho, no Distrito Federal. O objetivo principal consistiu em validar o referido processo como uma Tecnologia Social (TS) para a Promoção da Saúde. A validação foi feita por meio da superposição de etapas constantes de um modelo de governança do território definido como tecnologia social em pesquisa anterior. O conceito de TS trabalhado concerne aos produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas em interação com a comunidade e representando efetivas soluções de transformação social. Já o conceito de governança refere-se a uma abordagem de empoderamento para atuação qualificada de comunidades em processos participativos. A metodologia consistiu na adaptação do Projeto de Inclusão Digital dos ACS de Sobradinho-DF à vivência de 5 “Ciclos de Aprendizagem”, previstos no modelo de governança, a saber: Acordo Inicial, Economia de Experiência, Comunidade de Aprendizagem, Estratégias de Governança e Avaliação. Cada um desses ciclos começa com um foco de aprendizagem, que significa um período de tempo no qual a comunidade se organiza para aprender um conhecimento novo, seja na forma de um conceito, uma metodologia, uma técnica ou mesmo uma experiência prática. Os ciclos duram desde o momento em que iniciam até a finalização dos trabalhos, num processo sinérgico, como ondas que atingem a mesma frequência, permanecendo e se desenvolvendo ao longo de toda pesquisa. A adaptação do projeto ao modelo materializou-se por meio da realização de três oficinas de 4 horas cada. Os resultados atingidos agrupam-se em cada um dos ciclos de aprendizagem e podem ser assim sintetizados: a definição conjunta de uma ética para o processo; a construção participativa do conceito de “inclusão digital" e “promoção da saúde” do grupo e a sua situalização dentro do contexto de nove domínios de empoderamento comunitário definidos em estudos da área da saúde; a problematização da realidade local e priorização dos problemas com base em critérios estabelecidos pela OMS. Tais resultados servirão de insumo para auxiliar a construção participativa de estratégias de ação para o enfrentamento dos problemas sugeridos para a comunidade de Sobradinho-DF. Além disso, refletem a qualidade e implicação do processo proposto, corroborando a ideia de sua inserção como uma tecnologia social para promoção da saúde.