9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:1053-2



1053-2O direito à cidade, agroecologia e saúde
Autores:Vanderléia Laodete Pulga Daron Daron (ICEPAF - Associação Instituto Cultural e Educacional Paulo Freire)

Resumo

Trata-se da sistematização de uma experiência de educação popular e saúde desenvolvida em Passo Fundo pela Associação Instituto Cultural e Educacional Paulo Freire (ICEPAF) em conjunto com movimentos sociais populares urbanos, de mulheres e de camponeses (as). A experiência se desenvolve em 22 bairros da periferia urbana de Passo Fundo com mulheres/famílias (catadoras, sem teto, trabalhadoras urbanas, negras, em vilas, becos, enfrentando as dificuldades de acesso ao direito à cidade aos pobres, à miséria, fome, desnutrição, violência, o tráfico de drogas, dentre outros. As cidades (dentre elas Passo Fundo/RS) foram crescendo de forma desordenada, produzindo duas realidades: uma cidade com toda infraestrutura para alguns e a outra com moradias inadequadas, sem infra urbana onde se concentra a grande maioria da população nas periferias das cidades. Para os donos do capital, a cidade é fonte de lucro: ela é encarada e tratada como meio de produzir e acumular, como fonte de negócio para construtoras e empreiteiras: a construção de ruas, avenidas e viadutos - a cidade a serviço do carro e do asfalto, do cimento e do concreto (a construção de imóveis em áreas de proteção ao meio ambiente, com altura acima do gabarito permitido, a não construção de praças em favor de obras imobiliárias); a valorização do solo urbano (a especulação imobiliária; os loteamentos clandestinos - onde quem sofre as conseqüências das irregularidades é quem foi enganado, não o loteador). O ponto de vista do lucro contamina todos os elementos que compõem a cidade em detrimento da vida, da saúde e dos direitos humanos e sociais. A moradia que deveria ser o lugar de acolhida e aconchego da família passa a ser o imóvel, a ser vendido ou alugado; a rua, lugar para transitar, passa a ser vista como a oportunidade de a empreiteira ser contratada para asfaltar ou refazer; a praça que deveria ser o lugar público das pessoas se encontrarem passa a ser o lugar para um futuro edifício ou uma futura obra; o solo urbano, a terra, o bem que a natureza nos oferece para viver, morar e cultivar alimentos, passa a ser visto como fonte de especulação e de lucros sempre maiores para alguns. Os impactos deste desenvolvimento são visíveis na saúde da população que adoece a cada dia, aumentando as fileiras do SUS. Esta experiência de educação popular e saúde articula o processo formativo e de comunicação popular com o fortalecimento das organizações populares e suas lutas por direitos e cidadania.


Palavras-chave:  Direito à cidade, Saúde, Agroecologia