9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:1043-1



1043-1O Acadêmico de Medicina Frente à Morte e ao Morrer: Questões para se (Re)Pensar a Formação
Autores:Nára Selaimen Gaertner Azeredo (GHC - Grupo Hospitalar Conceição) ; Paulo Roberto A. Carvalho (HCPA - Hospital de Clínicas de Porto Alegre) ; Cristianne Famer Rocha (GHC - Grupo Hospitalar Conceição)

Resumo

A presença da morte no cotidiano dos profissionais de saúde é uma constante. Ela também se faz constante nas vivências e no aprendizado dos acadêmicos de Medicina que passam pelos hospitais. Se, por um lado, é verdadeiro que a morte e o morrer são temas freqüentemente discutidos pelos profissionais de saúde, também é fato que muitas destas discussões estão perpassadas por questões relacionadas a como realizar procedimentos corretos, técnicas assépticas, admnistrar medicamentos adequados e o motivo pelo qual as terapêuticas fracassam diante da morte. Poucos são os espaços que questionam os sentimentos e as percepções destes profissionais diante da morte. A pesquisa em questão teve como objetivo conhecer como os acadêmicos de Medicina avaliam a preparação para o enfrentamento da morte em seu processo de formação, bem como compreender o que significa para estes alunos o enfrentamento da morte e do morrer em sua formação. Trata-se de estudo qualitativo de caráter exploratório e descritivo. Foram utilizadas, como técnica de coleta de dados, entrevistas semi-estruturadas com estudantes de Medicina que já estão no internato (5º ano de curso, em atividades de formação em serviço). As respostas, agruapadas em cinco categorias (a escolha da Medicina, o primeiro contato com a morte, a morte na graduação, o limite terapêutico, e sentir-se preparado frente à morte e ao morrer), foram analisadas a partir da técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2006). Os resultados apresentados se referem apenas a uma das categorias de análise criadas para o estudo - "sentir-se preparado frente à morte e ao morrer". Como principal conclusão deste estudo, em relação a esta categoria, podemos citar o sentimento de não preparação assinalado pelos acadêmicos entrevistados, sobretudo em função da "necessária" objetividade e do distanciamento "profissional" do paciente que está morrendo. Por este motivo, afirmam os entrevistados, se a discussão sobre a morte e o morrer estivesse dentro da educação formal nas escolas de Medicina, ao longo do curso de graduação, seria possível instituir novos comportamentos dos profissionais e dos estudantes, tornando-os mais aptos a lidarem com a mesma e com o paciente terminal. Pois, se não existe vida sem morte - e, em conseqüência, a morte faz parte da vida dos profissionais de saúde - ao educar o aluno para o enfrentamento da morte, estaríamos respeitando a integralidade do doente, do aluno e a nossa, como sujeitos de nossa vida e de nossa morte.


Palavras-chave:  Educação, Morte, Estudante de Medicina