Resumo

Em virtude da necessidade de consolidar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e de suplantar evidências oriundas dos levantamentos epidemiológicos em saúed bucal, o Ministério da Saúde implantou a Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB). Objetivou-se, nesta pesquisa, identificar impasses e perspectivas da PNSB. Trata-se de um estudo do tipo descritivo, utilizando como abordagem a metodologia qualitativa. Os dados foram obtidos mediante entrevista individual e semi-estruturada com 15 atores. Os entrevistados levantaram interrogações inquietantes em relação ao futuro da PNSB. Um dos problemas mais preocupantes é o seu vínculo frágil (ou inexistente) com a sociedade. Fortalecer a PNSB exige, o quanto antes, disseminar uma suficiente percepção e compreensão de seu valor nas instâncias de controle social - particularmente nos Conselhos de Saúde. Este é o passo a ser dado. A PNSB deve estar solidamente enraizada em mecanismos estruturais e legais que impeçam a sua volatilização mediante ações deletérias (e intenções malévolas) resultantes de uma provável troca de Governo. O que se vislumbra é a possibilidade de transformar o Brasil Sorridente em uma Política de Estado. De um ponto de vista amplo, o perfil da sociedade brasileira encontra-se, também ele, ali desenhado, contribuido para manter o status quo (isto é, um padrão dominante e estável de funcionamento - inclusive na saúde bucal) e minando, ao mesmo tempo, qualquer possibilidade de sacudir as apatias, abalar os conformismos e mobilizar as inibições. A sociedade brasileira é, por excelência, autoritária e (infelizmente) não possui a alteridade como marca. Alguns entrevistados enxergam nesse fato um grande entrave ao desenvolvimento e, até mesmo, à continuidade da PNSB.