Resumo

Este trabalho tem como cenário a experiência da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade do município de Fortaleza. Neste contexto de práticas e indagações, nasce a reflexão crítica acerca da inserção do profissional da Psicologia no âmbito da Estratégia de Saúde da Família – ESF, neste município. Então, a partir de nossa vivência, este trabalho objetiva problematizar como vêm sendo construídos os processos de “Apoio” na prática profissional dos psicólogos inseridos nesta realidade, esta que acontece em conformidade com as diretrizes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF (Brasil, 2008), que em um contexto de práticas em Saúde Coletiva, e imersos em uma perspectiva territorial, orienta-se por uma atuação que preconiza a prevenção e promoção à saúde. O “Apoio” surge pra nós enquanto norte teórico-prático nas atividades com os profissionais da ESF. Sugerimos neste trabalho que a noção de Apoio se entrelace com a concepção de Cuidado, ensaiados pelos modelos que buscam integralidade e humanização nas práticas de produção de saúde (Merhy, 1998; Ayres, 2004), afim de que possamos entender as ações desse Apoio não como formas institucionalizadas de “procedimentos” em saúde, típico do modelo médico-centrado, mas em uma ação que fomente o Cuidado à Saúde. Sugerimos que o Apoio deve ser também uma ação de cuidado, de produção de sentido, e de produção de saúde. No campo prático, este operador conceitual consegue abarcar diversos eixos de ações. Entendemos esse operador em três grupos de Cuidado no cotidiano do trabalho: Apoio Matricial, Apoio Institucional, Apoio Assistencial. Estes grupos devem ter atenção as diversas dimensões deste cuidado: fortalecimento dos processos de ampliação de saberes e fazeres dos profissionais das equipes mínimas, que estão nas micro-áreas, para que sejam cada vez mais resolutivos. E, em outra dimensão, deve trabalhar diretamente junto aos usuários dos serviços da ESF, já que há a necessidade fundamental da presença dessas novas categorias profissionais, em diversos cenários de atuação (Nepomuceno, 2009). O entrelaçamento desses três grupos de Cuidado-Apoio, apontamos, pode produzir potência no aprimoramento coletivo nas técnicas de cuidado no âmbito da saúde. Esta concepção de Cuidado-Apoio pode produzir interface dos trabalhadores apoiadores com o território, o que produziria uma conexão real ao movimento local da comunidade.