1017-3 | USO DE PLANTAS MEDICINAIS: O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E A AUTONOMIA DOS SABERES COMUNS | Autores: | Letícia Mendes Ricardo (ENSP - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA / FIOCRUZ) ; Eduardo Navarro Stotz (ENSP - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SÉRGIO AROUCA / FIOCRUZ) |
Resumo INTRODUÇÃO: O presente resumo refere-se à monografia da Especialização em Saúde Pública realizada na Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz. Considerando que o uso de plantas medicinais pela população brasileira é frequente, em conjunto ou não com medicamentos sintéticos, e que muitas vezes tal uso se baseia em conhecimento empiricamente construído, é importante estudar a utilização de plantas medicinais para entender o contexto em que esse uso ocorre e as relações com o saber científico com a finalidade de atuar na permanente construção de um sistema de saúde universal e resolutivo.
OBJETIVO: Analisar a produção acadêmica sobre o conhecimento popular de plantas medicinais na região sudeste brasileira para identificar suas características e relações com o conhecimento científico no campo da saúde.
MÉTODO: À partir da seleção de dezenove descritores procedeu-se buscas em diferentes bases de dados. Após refinamento dos resultados tendo em vista os objetivos previamente estabelecidos, trabalhou-se com 22 artigos científicos cujos conteúdos foram sistematizados em duas grandes categorias: “Conhecimento sobre plantas medicinais” e “Transmissão do Conhecimento”.
RESULTADOS: O conhecimento popular sobre plantas medicinais abrange considerações sobre indicação terapêutica, toxicidade, formas de uso e preparo. Observou-se que a idade e o contato com o meio rural favorecem o conhecimento sobre ervas. Às plantas também são atribuídas propriedades religiosas, indicando a complexidade envolvida nesses recursos terapêuticos. Vários autores chamam atenção para a necessidade de troca e aliança entre os conhecimentos popular e científico a fim de melhor aproveitar as plantas medicinais e evitar problemas relacionados à toxicidade. Observou-se que a transmissão do conhecimento está dificultada e há pouco interesse por parte dos jovens. A centralidade da obtenção do conhecimento com familiares e vizinhos levou autores a afirmarem que o uso de ervas denota um cunho afetivo e contextualizado com o território social em que o sujeito se encontra.
CONCLUSÃO: É essencial refletir sobre a forma de se aliar os saberes científicos e populares para a construção de políticas de saúde, questão delicada e envolta por tensões. O uso de plantas medicinais é apontado como alternativa à dificuldade de acesso ao SUS, entretanto, nota-se que sua persistência decorre da eficácia, integração à cultura popular e ao modo de se entender saúde e estabelecer relações sociais e com a natureza.
Palavras-chave: PLANTAS MEDICINAIS, PRÁTICAS INTEGRATIVAS, SABER POPULAR |