Resumo

Partindo do estímulo das demandas de formação dos trabalhadores em saúde indígena no Rio Grande do Sul ouvidos durante uma pesquisa sobre o seu perfil profissional, observou-se a aplicação da educação permanente em saúde neste contexto. A metodologia do estudo consistiu numa abordagem exploratória e descritiva baseada em questionários preliminares e grupos-focais com os trabalhadores em saúde indígena componentes de Equipes Multidisciplinares em Saúde Indígena, de Estratégia de Saúde da Família ou de Unidades de Atenção Básica. Em outro segmento, ouviu-se também trabalhadores de equipes de gerência ou gestão de saúde indígena. Identificou-se que a educação permanente pode superar os limites das capacitações usuais baseadas nas premissas da educação continuada e pode desenvolver-se como formação em serviço, reforçando os princípios do Sistema Único de Saúde especialmente o da integralidade. Além disto articula gestão, atenção e controle social no processo de formação. Propomos que fundamente-se na pedagogia da problematização e indique uma nova concepção na produção do cuidado. Os trabalhadores têm demandas compatíveis com estes propósitos. Estas são representadas principalmente por uma aproximação com a cultura dos usuários, com os conhecimentos tradicionais de cura e um aprofundamento nos princípios da saúde coletiva. Os resultados também indicaram que a representação do cuidado depende deste processo de educação permanente. Também foi ressaltada a necessidade de um debate permanente sobre os fundamentos do Subsistema de Saúde Indígena para que se desenvolva uma prática adequada às necessidades dos usuários. Consideramos, portanto, que a educação permanente em saúde é adequada para atender as demandas dos trabalhadores, ao reforçar a busca por uma produção do cuidado integral e aproximar o conhecimento dos trabalhadores ao saber tradicional em saúde.