Resumo

Estudos epidemiológicos sobre a mortalidade no Brasil evidenciam que nas últimas décadas ocorreu uma mudança drástica no padrão de mortes no país. As mortes por causas externas passaram a ter uma maior importância no quadro geral, ao ponto de ser considerada a segunda maior causa de morte no país e a primeira entre os adultos jovens. Dado a importância do tema e considerando o avanço da violência nas últimas décadas, este estudo tem como objetivo analisar em uma série histórica os dados de mortalidade por causas externas ocorridos no município de Eunápolis/BA. Trata-se de um estudo epidemiológico, realizado com dados secundários da mortalidade ocorridas no período de 1998 a 2008 no município de Eunápolis-BA, obtidos junto ao Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. A partir destes dados foram calculados os coeficientes gerais e específicas atribuídos às causas externas, segundo sexo e faixa etária, e as tendências desta mortalidade. Durante todo o período, as causas externas se mantiveram como a segunda causa de morte no município. Dentre estas, os homicídios e acidentes de transporte ocupam respectivamente a primeira e segunda posição. Em 1998, os homicídios representavam 34% das mortes por causas externas chegando em 2008 a 66%. No grupo etário de 15 a 29 anos as causas externas se constituem na principal causa de morte. Nos anos de 2006 e 2007 mais de 50% dos casos de morte por causas externas ocorreram neste grupo. Todavia quando comparada a incidência entre o sexo feminino e masculino, verifica-se que o segundo vem aumentando sua proporção em relação ao primeiro saindo de 76,1% dos casos em 1998 para 92,% em 2008. Com base nos resultados obtidos é possível concluir que no período estudado houve mudança no perfil epidemiológico da mortalidade em Eunápolis-BA. O coeficiente de mortalidade por causas externas aumentou no município e se mantém acima do observado no Estado da Bahia e Brasil. O risco de morrer por homicídio, que é a principal cauda de morte, é maior em adultos jovens do sexo masculino. Este cenário demonstra que a violência para esta população é um importante problema de saúde pública e necessita de políticas intersetoriais, bem como de estudos mais ampliados para um melhor conhecimento de suas causas e formas de enfrentamento.