Resumo

Mulheres em situação de violência doméstica têm mais problemas de saúde. Utilizam com maior frequência os serviços de saúde e as emergências, assim sendo, a violência doméstica contra as mulheres constitui-se um problema de saúde pública. Trata-se de um estudo exploratório e descritivo que teve como objetivo descrever o atendimento às mulheres em situação de violência doméstica. O estudo foi realizado em Salvador-BA com 12 profissionais (02 psicólogas, 06 enfermeira/os, 02 assistentes sociais, 01 fisioterapeuta e 01 médico) que atuam nos seguintes espaços: Centro de Orientação Familiar, centro de referência à mulher em situação de violência, maternidade e Pronto-Atendimento. Realizou-se entrevista acompanhada por um formulário semi-estruturado. O estudo pôde mostrar que os serviços de saúde constituem porta de entrada para os casos de violência doméstica. As falas evidenciaram a dificuldade que os profissionais têm em identificar a violência, e como conseqüência disso, o atendimento é restrito aos aspectos clínicos, como também, os registros não refletem a violência doméstica como causa associada a busca pelo serviço. Além disso, notou-se que os encaminhamentos não são feitos e não há notificação. Pode-se considerar que o modelo biomédico, trazido na formação, contribui para o não reconhecimento da violência doméstica enquanto objeto da saúde, comprometendo assim a mulher, já que esta, quando procura um serviço de saúde muitas vezes, não recebe apoio e assistência direcionada para seu problema maior, e se expõe a revitimização. O estudo mostra ser necessária uma boa articulação em rede de múltiplos serviços, sejam eles de violência, jurídicos, policiais sociais, de saúde ou educacionais.