Resumo

Caracterização do problema: O Conjunto habitacional Gervásio Maia é uma conquista da luta pela moradia e foi entregue à população residente há pouco mais de dois anos. Esta é proveniente de várias áreas de risco da cidade de João Pessoa–PB. Compõe-se por cerca de 1300 famílias em situação de pobreza, assentadas em casas populares, que apesar da facilidade no acesso a direitos como Saúde, Educação, Lazer e Transporte, tem como principal dificuldade o acesso a Emprego e Renda. Unindo essa realidade à função social da universidade, desenvolve-se nesse contexto o projeto de Extensão Popular Saruê (UFPB), baseado em propostas de Educação Popular, Economia Solidária e Apoio Social. Assim, constrói-se um trabalho de Educação e Promoção em Saúde baseado nos princípios de valorização da palavra, desconstrução da visão mágica de realidade, viver e estar com o povo, reconhecer a ingenuidade do outro e viver pacientemente impaciente. Descrição da experiência: os extensionistas se organizam em duplas interdisciplinares que se comprometem com o acompanhamento semanal de famílias da comunidade. Baseado na Educação Popular e através do diálogo objetiva-se o trabalho em saúde, através de elementos básicos da Atenção Primária e do estímulo ao protagonismo dos sujeitos na construção de sua saúde. Desenvolvem-se vivências coletivas que podem provocar uma transformação do acadêmico através de participação ativa, que ocasiona a sensibilização dos envolvidos por entrarem em contato continuamente com realidades diferentes das que estão acostumados. Efeitos alcançados: os extensionistas passam a desenvolver uma reflexão crítica que culmina muitas vezes na mudança da concepção de mundo, na ampliação do conceito de saúde e na valorização de saberes presentes e difundidos no meio popular. Forma-se, então, um vínculo entre famílias e extensionistas que possibilita a tomada de consciência mútua sobre aspectos de saúde da comunidade e dos indivíduos. Recomendações: prezar pela conquista da autonomia dos atores envolvidos, na perspectiva de um trabalho humano, portanto transformador, e coletivo mostrou-se de extrema importância em alguns momentos. Este deve avançar no sentido das necessidades reais da população, dentro daquilo que tenha significado para as pessoas, inclusive para o alcance de sua saúde. Para se realizar, precisa-se construir uma dinâmica intensa e regular com a comunidade, baseada em uma inserção crítica dos extensionistas e em um compromisso ético com a comunidade.