Resumo

O trabalho em saúde coletiva, no contexto do SUS, no Brasil, possui pecualiaridades, tais como o trabalho em equipe, o acesso universal à saúde, a integralidade, a descentralização, entre outros. Seu objeto de trabalho – as pessoas – possui o mesmo status ontológico de quem exerce o trabalho e, portanto, não é passivo. Assim, formas tradicionais de gestão não poderiam ser aplicadas aos serviços de saúde. A Gestão Compartilhada, também chamada de Colegiada, Participativa ou Co-Gestão, é uma proposta de gerenciamento desenvolvida para organizações de saúde, embora seja aplicada a outros serviços. Almeja-se um método mais adequado às necessidades do trabalho, contemplando os objetivos primários destas organizações - a própria produção de saúde – e os secundários, ligados à sobrevivência e satisfação profissional. O envolvimento de diferentes atores representa uma possibilidade de adoção da Gestão Colegiada como método de gerenciamento. A participação dos representantes da população qualifica e humaniza o trabalho. Este estudo debate Gestão Compartilhada, através da experiência da Unidade Jardim Itu do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição. Objetivando uma maior co-responsabilização de toda a equipe e menos sobrecarga para o coordenador local, esta equipe, há 3 anos, optou por formar um Colegiado de Gestão, constituído pelo coordenador da equipe e pelos coordenadores dos grupos de trabalho temáticos, que são Acesso e Humanização, Administrativo, Ensino e Pesquisa, Participação Popular e Vigilância em Saúde. Os temas foram propostos pelas necessidades do serviço e cada trabalhador participa de um deles pela afinidade. Uma vez por ano, avaliamos o cumprimento dos objetivos propostos e sugerimos, para o ano seguinte, um planejamento, para que todos acompanhem o trabalho das partes. Entretanto, gerenciar democraticamente pode acarretar em “ruídos” ou “estranhamentos” na rotina da equipe. Os fluxos de comunicação nos diferentes espaços são encarados como desafios. Esta gestão deve estar em consonância com o planejamento do serviço. Também, é fundamental avaliar o processo e os resultados advindos da implementação da Gestão Compartilhada. É realizada uma avaliação individual e discussão com todos para planejar o seguimento da Gestão pelo próximo ano. Espera-se que, com o tempo e a vivência, os trabalhadores sejam protagonistas de seu trabalho, co-responsabilizando-se pelos objetivos, sendo autônomos e fortemente identificados com o trabalho.