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695-2 | O MORAR COMO DISPOSITIVO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO: A EXPERIÊNCIA DE UM SRT DE ALTA COMPLEXIDADE PARA JOVENS AUTISTAS E PSICÓTICOS | Autores: | Janaina Santos de Souto (APPEC - ASSISTÊNCIA EM PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E CULTURA) ; Vania Lopes da Silva (APPEC - ASSISTÊNCIA EM PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E CULTURA) |
Resumo Uma Residência Terapêutica, no contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira, configura-se em um conjunto de dispositivos estratégicos que compõe a rede de serviços que dão sustentabilidade à nova lógica de cuidados ensejada no/pelo campo da Reforma. Traduz o que queremos neste processo: rompimento dos lugares institucionais de cronificação de práticas e sujeitos.
Neste cenário ético, político, prático e discursivo de cuidados, marcado pela complexidade de seus elementos, tratamos da experiência de uma residência terapêutica para jovens autistas e psicóticos, situada no bairro de Jacarepaguá, no município do Rio de Janeiro. Implantada há cinco anos, é a primeira experiência brasileira para esta clientela. É uma residência de alta complexidade, pelo elevado grau de dependência dos moradores, implicando na necessidade de um cuidado intensivo, e acompanhamento contínuo, 24 horas por dia, 7 dias na semana. A média de idade dos moradores é de 22 anos. Todos os nove moradores que nela residem – seis rapazes e três moças – apesar de jovens, têm um histórico contundente de tempo de institucionalização - média de 10 anos.
Em nosso exercício de análise e reflexão sobre esta experiência, vimos nos debruçando sobre os elementos de suporte deste trabalho, ancorados pelas diretrizes apontadas na Portaria 106/2000. Nesta perspectiva, entendemos que nossa missão no trabalho desta RT, é de duplo manejo: o cuidado junto aos moradores em toda a sua complexidade, e o trabalho junto à equipe de cuidado. O saber leigo dos cuidadores sustentado na direção de favorecer que os recursos subjetivos dos moradores, ainda que tão peculiares e distintos em sua forma de enlaçamento social, sejam formas de manejar a cotidiano. Vivenciamos a tensão constante do caminhar entre o cuidado PARA TODOS, sem perder a dimensão do CADA UM.
A desinstitucionalização é mais do que o oposto de institucionalização. Estar numa RT não é garantia de estar desinstitucionalizado. Não é suficiente. Uma RT deve garantir não apenas a inserção no tratamento daqueles que nela residem, mas a inserção na vida, e a vida, por excelência, é INTERSETORIAL. Devemos possibilitar outros, novos lugares sociais, que a RT compõe, mas que não se encerra nela.
Palavras-chave: RESIDENCIA TERAPEUTICA, DESINSTITUCIONALIZAÇÃO, INTERSETORIALIDADE |