Resumo

O aumento do fluxo migratório em direção às grandes cidades provocou um caótico processo de urbanização, associado a fatores como o desemprego, o alcoolismo, o uso de drogas, a impunidade, entre outros, têm contribuído de maneira decisiva para o crescimento da mortalidade por causas externas. No Brasil, essas causas têm correspondido à segunda ou terceira causa de óbito, sendo a primeira causa nas faixas etárias de um a 44 anos em 2003, atingindo principalmente os homens. Pretendeu-se com a pesquisa descrever a morbidade hospitalar e a mortalidade por causas externas, na microrregião de São Mateus/ES. Tratou-se de um estudo ecológico, exploratório, descritivo, com utilização de fonte de dados secundária. Para o estudo da mortalidade foram descritos os óbitos por causas externas a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), utilizando as variáveis faixa etária e sexo, e para a morbidade hospitalar foram descritas as internações por causas externas a partir dos dados do Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), utilizando as variáveis valor médio da AIH e dias de permanência. O período de análise foi o triênio 2005-2008 e o local foi a microrregião de São Mateus, que compreende 9 municípios localizados no norte do Espírito Santo. A base de dados utilizada foi o Tabnet, disponível na Internet, não sendo, portanto, necessária a submissão desta pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa. As causas externas no período estudado corresponderam à segunda causa de morte em todos os anos. Apresentou maior freqüência no sexo masculino e na faixa etária de 20 a 29 anos. Em relação ao número de internações por causas externas na Microrregião de São Mateus, por ano, as causas externas representaram a 7ª causa de internação hospitalar em todos os anos. O valor médio da AIH referente às internações por causa externas na Microrregião de São Mateus variou de 776,17 a 869,01 reais e foram responsáveis por aproximadamente 6514 dias de permanência hospitalar na Microrregião de São Mateus. As características destes agravos entre os usuários que demandam os serviços de urgência e emergência são pouco conhecidas. Assim, os dados levantados por estudos desta natureza foram importantes para que autoridades e gestores do setor da saúde e de suas interfaces desenvolvam políticas e ações para o controle e a prevenção de acidentes e de violências.