9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:630-1



630-1A conversão de Unidades Básicas de Saúde para a implantação da ESF e seus impasses
Autores:Luara Fernandes França Lima (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública) ; Marianna da Rocha Cruz (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública) ; Laila Oliveira Louzada (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública) ; Flavia Vargas Soares (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública)

Resumo

O objetivo do trabalho é discutir a implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) em Unidades Básicas de Saúde (UBS). As unidades convertidas funcionavam sob a lógica de atenção à saúde centrada na doença, a partir da procura dos usuários, e passam a trabalhar na lógica da ESF, centrado no território, por meio de uma atenção planejada, com busca ativa dos usuários e atividades intersetoriais. Amplia-se o conceito de saúde quando o foco do trabalho é a prevenção, promoção e educação em saúde. A conversão tem sido uma opção na expansão da cobertura da ESF no Brasil, aproveitando-se a estrutura física e de recursos humanos das antigas UBS. Durante o ano de 2009 estivemos inseridas como residentes em uma Unidade de Saúde da Família (USF) convertida, na zona sul do Rio de Janeiro. A antiga UBS, convertida há 2 anos, funcionava naquele local há 25 anos e contava com funcionários trabalhando ali há muito tempo. Através de entrevistas com profissionais e observação da vivência do cotidiano de trabalho, podemos concluir que o modo como o processo de conversão é organizado e a história local influenciam na organização do trabalho na USF, trazendo implicações na relação entre os profissionais e também entre o serviço de saúde e a comunidade. Identificamos os impasses gerados pela implantação da ESF sem a participação da comunidade, sem transição marcante entre os modelos de atenção, com capacitação insuficiente e fragmentada dos profissionais. Isto, entre outros fatores, gerou um ambiente caracterizado pela fragilidade do trabalho em equipe, a insatisfação dos profissionais e da comunidade e o comprometimento da resolutividade do serviço. A partir daí propusemos atividades para trabalhar estas questões, não tendo sido suficiente o espaço de um ano para que as práticas, tão enraizadas, sofressem transformações. Entendemos que a implantação da ESF em uma unidade convertida requer não apenas a incorporação de novas tarefas, mas também a mudança de olhar deste profissional em relação ao indivíduo, à comunidade e à equipe em que está inserido, além da compreensão da transformação por parte dos usuários. Esta mudança consiste em um processo complexo, o que torna fundamental a atenção às singularidades de cada local e o acompanhamento da equipe após a implantação, afinal, na prática a urgência da implantação por razões políticas tem feito com que a conversão seja problemática.


Palavras-chave:  Estratégia de Saúde da Família, Organização do trabalho, Unidades convertidas