626-1 | O Ensino de Saúde Coletiva no Internato: A história de uma disciplina “inviável” | Autores: | Bruno Mariani de Souza Azevedo (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Sérgio Rezende Carvalho (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) |
Resumo A concretização do ideário de luta da Reforma Sanitária através da implementação do SUS tem colocado para o campo da formação profissional novos e complexos desafios. Tornando inevitáveis os processos de mudança no que se refere ao ensino de graduação e levando, nos últimos anos, a importantes discussões quanto a capacitação dos profissionais que prestam serviços de saúde. Buscando responder as necessidades que se apresentam novas leis, diretrizes curriculares e a instauração de novos programas vão ocorrendo. Muitos destes incentivando as reformas curriculares dos cursos de saúde, em particular dos de Medicina. Na Unicamp o processo de reforma curricular inicia-se em 1998, em 2001 a primeira turma do novo currículo começa a cursá-lo e em 2003 lança-se as diretrizes do internato, demandando um estágio em Gestão em Saúde. Buscaremos analisar a implantação e desenvolvimento deste estágio, refletindo sobre as dificuldades, entraves e avanços logrados ao longo dos seus 6 anos de existência, seus reflexos sobre o currículo médico e sobre a formação dos alunos. Como referencial metodológico lançaremos mão da análise de diários de campo de diversos atores envolvidos com a disciplina, grupos focais e sínteses de oficinas realizadas em pesquisa, financiada pela FAPESP (“Pesquisa Avaliativa Sobre a Gestão do Trabalho e a Formação de Graduandos e Trabalhadores de Saúde: explorando fronteiras”), além de análise documental. Após breve análise do contexto vivido no município de Campinas/SP e na Unicamp, verificamos como a criação da disciplina vem enquadrada em formatos pré-estabelecidos, restando-lhe apenas 10 períodos, em 10 dias úteis, no rodízio de estágios do 5º ano médico. Sua formulação foi coletiva, feita por docentes, discentes, gestores e trabalhadores da rede (e ocasionalmente usuários) onde ocorreria o estágio (periferia de Campinas), garantindo frutuosa parceria ao longo dos anos. As dificuldades passaram desde a total falta de incentivo da Faculdade para levar os alunos para a periferia da cidade até uma crítica falta de professores para fazê-la acontecer. As diferenças de concepção pedagógica e programática entre seus docentes também garantiu momentos de conflito e de aprendizado mútuo intensos. Apesar disso, verificamos como a entrada destes alunos, críticos e questionadores, tem servido de dispositivo para mobilizar e formar a própria equipe em que estão se inserindo. A parceria tem garantido que a graduação e a gestão cooperem mutuamente. Palavras-chave: Educação médica, Gestão em saúde, Reforma Curricular |