Resumo

A formação profissional dos trabalhadores técnicos em saúde constitui o principal objetivo da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (FIOCRUZ), com uma longa história de ensino e pesquisa nesta área. Em resposta a demanda advinda do “Seminário Internacional das Escolas Técnicas em Saúde”, ocorrido na ESPJV, por uma equipe do Laboratório de Gestão, foi concluída em 2009 a pesquisa intitulada “Formação de Trabalhadores e o Sistema Único de Saúde: analisando os desafios para a gestão do trabalho em saúde”, objetivando mapear as necessidades que o SUS apresenta em relação à formação profissional, orientada para qualificação do processo de trabalho na gestão em saúde. A pesquisa foi desenvolvida em uma região do Rio de Janeiro, que concentra unidades de saúde de diferentes complexidades. Optou-se metodologicamente pela aplicação de questionários semi-estruturados, distribuídos entre trabalhadores com função de nível médio, atuantes nas áreas administrativas do SUS. Este trabalho apresenta alguns resultados dessa pesquisa relativos aos aspectos cotidianos do exercício dessa função, buscando compreender o ‘processo de trabalho’ existente. Foram analisadas as atividades realizadas, a organização do serviço, a relação com os outros profissionais, a relação com o usuário e a avaliação que os profissionais fazem do seu trabalho. Os setores pesquisados foram: Arquivo e Documentação, Auditoria e Regulação, Setor Financeiro, Farmácia, Odontologia, Laboratório, Seção de Pessoal e Almoxarifado. Concluímos que estes profissionais atuam de forma transversal em diferentes espaços institucionais, assumindo características específicas em cada setor de trabalho. Por outro lado, observa-se uma analogia entre estas atuações no que consiste ao manuseio de informações essenciais para organização do sistema. Alguns lidam diretamente com o usuário, onde atuam mediando situações conflituosas com outros profissionais de saúde, possibilitando o acesso aos recursos existentes bem como mediando problemas advindos da carência destes, ocasionando muitas dificuldades no trabalho. Consideramos que os trabalhadores com formação de nível médio da área de gestão do SUS são atores estratégicos, embora com pouca visibilidade. Uma formação profissional nesta área deve estar voltada para a consolidação do sistema, a partir de questões cotidianas, buscando relacioná-las a uma educação reflexiva que contribua para compreensão e transformação da realidade vivida. Apoio FAPERJ