Resumo

CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A política de saúde adotada no município de João Pessoa tem base no modelo em Defesa da Vida. A principal estratégia para efetivar essa política é o matriciamento, entendido como a construção de momentos relacionais onde se estabelece troca de saberes entre profissionais de diferentes áreas. Em João Pessoa, o apoio matricial surge no ano de 2006 como dispositivo para enfrentar a fragmentação do processo de trabalho, decorrente da especialização das áreas de conhecimento, utilizando saberes de campo e núcleo especifico. Seu objetivo é criar espaços de encontro para produzir diálogo e pactuação entre gestão, trabalhadores e usuários, reconhecendo que cada ator opera com uma concepção de saúde diferente. Nessa disputa, o apoiador faz a mediação desses conflitos para enfrentar a complexidade dos problemas de saúde. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O processo de trabalho do apoiador junto às Equipes Saúde da Família (ESF) potencializa as práticas cuidadoras e gerenciais com a utilização de dispositivos como Educação Permanente em Saúde, Linhas de Cuidado, Projetos Terapêuticos Singulares e ferramentas de gestão, como Planejamento Estratégico Situacional, monitoramento de indicadores da Atenção Básica e Acolhimento. Além disso, estimula a participação popular para a co-gestão dos serviços e articula a rede de saúde, organizações e instituições sociais. EFEITOS ALCANÇADOS: Criação de espaços de diálogo com trabalhadores para a reflexão crítica dos problemas referentes ao processo de trabalho das ESF com uma lógica centrada no usuário. A partir disto, observa-se uma mudança gradual na organização dos serviços de saúde, propiciando a ampliação do cuidado para uma atenção integral e humanizada. Outro avanço é a aproximação de diversos atores à participação popular, co-gestão dos serviços e construção das políticas de saúde. RECOMENDAÇÕES: É necessário reconhecer as limitações no processo de trabalho do apoiador, que se depara com uma diversidade de questões advindas da dinâmica social e política, fora de sua governabilidade. Essa prática requer uma formação permanente voltada para a saúde nos diferentes aspectos históricos, políticos, econômicos e sociais. Dessa maneira, consolidar um processo diferenciado de cuidado e gestão dos serviços se constitui no principal desafio à transformação do modelo tecnoassistencial, com comprometimento de gestores, trabalhadores, usuários e movimentos sociais.