Resumo

O prontuário familiar utilizado pela Estratégia de Saúde da Família pode ser um dos requisitos fundamentais para a avaliação da qualidade da assistência. Este estudo teve como objetivo verificar se os registros em prontuários utilizados por equipes de saúde da família pertencentes a cinco municípios da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde – RS contemplam atributos mínimos estabelecidos pela legislação e literatura consultada. Trata-se de um estudo de campo transversal, com base documental e abordagem quantitativa. A amostra total foi de cem prontuários analisados diretamente pelo pesquisador. Para a análise foram utilizadas quatro categorias, que refletiam o grau de conformidade dos registros em prontuários, segundo padrão encontrado em planilhas de Acreditação em Cuidados Primários. Os resultados demonstram ausência de sistematização nos registros dos enfermeiros, ausência de conformidade nos registros em prontuários relacionados a atributos obrigatórios, sugerindo necessidade de reavaliação de normas e critérios para registro em prontuários, nas equipes de saúde da família. Percebe-se que o modelo biomédico está fortemente impregnado, pois registros de profissionais como enfermeiro e nutricionista não se encontram articulados e integrados a um projeto terapêutico comum em prol das necessidades de saúde do indivíduo e sua família, mas apresentam-se isolados do contexto, ou subordinados a este modelo. A maioria das equipes não utiliza os dados da ficha A para obter informações sobre condições socioambientais das famílias, e não há descrição ou registro dessas características influenciando o planejamento da assistência à saúde familiar. O fato de se implantarem prontuários eletrônicos não garante a melhoria da qualidade dos registros em prontuário, pois se acredita que esta está vinculada aos processos de trabalho e ao desenho tecnoassistencial predominante.