9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:546-3


Poster (Painel)
546-3FLUXOS DE PODER ENTRE OS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO INTERIOR AMAZONENSE: A FRAGILIDADE DAS RELAÇÕES HORIZONTAIS
Autores:Mariana Werlang Girardi (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC) ; Rafael Baratto Vicenzi (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC) ; Rodrigo Otavio Moretti-pires (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC)

Resumo

A teoria de Hannah Arendt se fundamenta no caráter relacional da vida e dos processos entre os seres, da qual infere-se que a vida humana é plural, e não individual. Segundo Arendt, a convivência entre os seres humanos é condição indispensável para que o poder exista, pois este é determinado pela influência que os indivíduos exercem uns sobre os outros. Entendemos que a ESF é o espaço de aparência no qual vários atores (profissionais de saúde, gestores e usuários) se reúnem para a realização de uma nova proposta de assistência à saúde da população. O trabalho em saúde apresenta a peculiaridade da complexidade de relações implicadas, produzidas permanentemente no dia-a-dia, com múltiplas possibilidades de significados. A ESF é composta por pessoas que trazem especificidades próprias, bem como um poder adquirido ao longo da história da profissão. Trabalhar em equipe requer rever poderes e observar se sua disputa está coerente com a direcionalidade do trabalho. Ao analisar-se, porém, o espaço de aparência da ESF, percebe-se uma dissociação entre o discurso e a ação. Nota-se que o trabalho em equipe interdisciplinar ainda é frágil nas relações horizontais, permanecendo como um dos mais importantes desafios à efetivação da Saúde da Família a compreensão sobre a dinâmica do seu trabalho em equipe. Objetivo: analisar a dinâmica do trabalho em equipe e caracterizar os fluxos de poder entre os profissionais das Equipes de Saúde da Família do município de Coari (AM). Métodos: perspectiva qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas com profissionais de Saúde da Família (n=24), analisadas por hermenêutica dialética, com marco teórico de análise nos trabalhos de Arendt sobre poder. Resultados: A análise dos fluxos de poder entre os profissionais das equipes mostrou que tanto o odontólogo quanto o médico não têm participação efetiva na realização das ações na Equipe de Saúde da Família, bem como nas atividades ocorridas dentro da Unidade Básica de Saúde. Por outro lado, há sobrecarga de trabalho para ACSs e enfermeiros, visto que recebem poder dos outros profissionais para realizar grande parte das atividades. No entanto, o poder recebido pelos ACSs e pelos enfermeiros não significa que os outros profissionais valorizem a sua profissão. A categoria médica, por exemplo, alega excesso de trabalho e falta de tempo para realizar diversas funções que lhe cabem dentro da equipe, repassando àqueles profissionais muitas de suas atribuições.


Palavras-chave:  Hannah Arendt, Relações de poder, Interior amazonense