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546-2 | A PROBLEMÁTICA DA FOME NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO MÉDIO SOLIMÕES (AM): DIFICULDADE DE ACESSO E FALTA DE INFORMAÇÃO | Autores: | Mariana Werlang Girardi (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC) ; Rodrigo Otavio Moretti-pires (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC) ; Kaliny de Souza Lira (ISB - UFAM - Instituto de Saude e Biotecnologia - UFAM) |
Resumo O acesso aos serviços de saúde não acontece de forma homogênea nas diversas regiões do país e nos diversos segmentos populacionais. A dificuldade de acesso dos moradores que vivem à margem das várzeas Amazônicas do Médio Solimões (AM) demonstra uma das faces desta realidade. A localização geográfica, a ausência de recursos financeiros para locomoção até a UBS e a falta de profissionais de saúde qualificados nas áreas ribeirinhas adscritas torna o acesso da população à saúde extremamente dificultado. A perspectiva dos profissionais de saúde do município de Coari, sede da UBS mais próxima, sugere a ocorrência da fome nas comunidades ribeirinhas. A fome, quando prolongada ou insaciada, acarreta patologias, como baixo peso ao nascer, anemia, desnutrição energético-proteica e as decorrentes de deficiências minerais e vitamínicas, podendo ser a fome uma possível explicação para os problemas de saúde da população ribeirinha. Objetivo: investigar a problemática da fome e sua possível relação como causa principal para o desenvolvimento de enfermidades nas comunidades ribeirinhas. Procurou-se ainda investigar a existência de dados e ações da equipe nesse sentido. Método: metodologia qualitativa através de entrevistas individuais semi-estruturadas com profissionais (n=40) e ribeirinhos (n=44). As respostas foram transcritas na íntegra, categorizadas e submetidas à análise das categorias à luz da literatura sobre Sistema Único de Saúde. Resultados: a fome foi tomada como principal causa dos problemas de saúde da população ribeirinha pela maioria dos profissionais entrevistados. Os médicos pautaram suas respostas em termos teórico-conceituais sobre esta temática, enquanto os enfermeiros e os ACS analisaram a fome sob uma perspectiva que abrange aspectos econômicos e sociais. A maioria dos profissionais, porém, desconhece a realidade da população ribeirinha no que diz respeito a condições higiênico-sanitárias e à fome. A inexistência de ações das equipes de saúde na investigação das condições nutricionais destes indivíduos demonstra desconhecimento da real situação dos ribeirinhos. Sendo assim, um fator que pode ser apontado como estabilizador dessa problemática é a participação apenas curativa do profissional de saúde e a sua pouca ação na prevenção e promoção da saúde nas áreas ribeirinhas adscritas. Palavras-chave: Fome, Comunidades ribeirinhas, Acesso |