9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:546-1


Poster (Painel)
546-1POPULAÇÃO RIBEIRINHA AMAZONENSE E DIFICULDADE NO ACESSO À SAÚDE: BARREIRA GEOGRÁFICA OU DESCASO?
Autores:Mariana Werlang Girardi (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC) ; Rodrigo Otavio Moretti-pires (GETTS - UFSC - Grupo de Estudos do Trabalho e Trabalhadores da Saúde - UFSC) ; Tiótrefis Gomes Fernandes (ISB - UFAM - Instituto de Saude e Biotecnologia - UFAM)

Resumo

O sistema de saúde público brasileiro prevê acesso igualitário aos serviços de atenção à saúde e atendimento indiscriminatório. Esse acesso, porém, vê-se que não é equânime em todas as regiões do Brasil, visto que cada uma apresenta peculiaridades geográficas que facilitam ou não a proximidade com o SUS. As comunidades ribeirinhas, que vivem às margens dos rios amazonenses, apresentam acentuada dificuldade de acesso à Unidade Básica de Saúde (UBS), visto que o isolamento geográfico obriga seus moradores a deslocar-se para Coari, o município mais próximo. Pelo fato de praticarem cultivo de subsistência, muitos ribeirinhos não têm condições financeiras de chegar a Coari. Assim, grande parte da população não tem acesso ao sistema público de saúde. Objetivo: investigar a dificuldade de acesso à saúde por parte dos ribeirinhos e a equidade que o SUS propõe para o atendimento em saúde. Método: metodologia qualitativa através de entrevistas individuais semi-estruturadas com profissionais (n=40) e ribeirinhos (n=44). As respostas foram transcritas na íntegra, categorizadas e submetidas à análise das categorias à luz da literatura sobre Sistema Único de Saúde. Resultados: a população ribeirinha sofre com a ausência de profissionais atuando em prevenção nas áreas ribeirinhas adscritas, com uma enorme barreira geográfica e econômica que impede sua locomoção para o posto de saúde e, por vezes, mau atendimento quando se consegue chegar à UBS. A dificuldade de acesso aos serviços de saúde foi um tópico levantado tanto pelos ACS quanto pela população de ribeirinhos, enfatizando que a dificuldade deve-se principalmente a inexistência de transporte para conduzir os enfermos até as UBS, bem como os ACS até as comunidades ribeirinhas. Na ausência dos cuidados à saúde pelos profissionais, a maioria dos ribeirinhos procura minimizar dores e/ou sintomas de doenças através de “remédios caseiros”, sendo os curadores locais responsáveis por suprir uma demanda que seria própria do sistema de saúde. A análise das entrevistas denuncia o despreparo dos profissionais das equipes de saúde para lidar com uma situação de limitação geográfica e econômica, bem como seu aparente desconhecimento das peculiaridades da área adscrita.


Palavras-chave:  Acesso, População ribeirinha