Resumo

A saúde deve ser entendida como um bem e um direito social no sentido de que cada um e todos possam ter assegurados o exercício e a prática deste direito. Esta lógica foi incorporada no nosso país a partir da Reforma Sanitária, que culminou com a criação do SUS. A aproximação entre serviços de saúde e instâncias formadoras de profissionais de nível superior, virá pela implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais, possibilitando mudanças em busca da atenção integral de indivíduos, famílias e comunidades. O objetivo deste estudo é analisar a influência das tecnologias desenvolvidas pelos trabalhadores de saúde nas experiências da extensão popular da UFPB relacionadas à produção do cuidado em saúde. Os informantes-chave foi uma representação aleatória dos trabalhadores da saúde que, durante sua formação, participaram de projetos de extensão popular da UFPB. Foram entrevistados doze trabalhadores de saúde, de sete diferentes profissões. Todos os entrevistados participaram da extensão popular por no mínimo dois anos. As entrevistas foram transcritas na íntegra e analisadas a partir da modalidade análise do discurso. As categorias analíticas foram a Educação popular, a Extensão popular e a Produção do trabalho em saúde. As categorias emergentes foram: Importância da extensão popular na formação, Elementos apreendidos na extensão popular presentes no trabalho em saúde e Representação social das tecnologias apreendidas na extensão popular. As categorias analisadas apontam para a afirmação de que as experiências da extensão popular oportunizam aos seus participantes mergulhar em dimensões que não são vistas em qualquer outra atividade acadêmica. Assim, a Extensão Popular provoca a construção e apropriação de um saber que só pode ser experimentado a partir do contato com grupos subalternizados mediado pela Educação Popular, contribuindo para uma formação diferenciada, que supera o modelo tecnicista ainda predominante na área da saúde. Destaca-se a percepção do trabalho de saúde para além da assistência, a importância da extensão popular na formação desses trabalhadores a partir de suas próprias falas, que a apreensão das tecnologias leves durante a extensão popular permite uma mudança na concepção de mundo e transformação da formação acadêmica. Essas alterações na formação garantem uma parcela da garantia da saúde enquanto conquista e direito social, visto que a formação de novos profissionais é considerada, por muitos autores, um dos nós críticos do SUS.