9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:533-1



533-1CONTADORES DE HISTÓRIAS – UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE
Autores:Stela Nazareth Meneghel (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo

Este texto relata vivências de pesquisa, obtidas a partir de uma intervenção na qual exploramos a ferramenta contar histórias com sujeitos em situação de vulnerabilidade: soropositivos, mulheres que sofriam violências e operadores/as sociais. A fundamentação teórica das oficinas de contadores de histórias ancora-se na técnica de narrativa oral: histórias de vida e histórias da cultura oral. O projeto “Contadores de histórias” fundamentou-se na constatação de que as narrativas podem ajudar a mudar a vida das pessoas, a ressignificar eventos traumáticos, a reconstituir memórias do passado, por meio da reconstrução das histórias de vida, tanto dos contadores, quanto dos ouvintes. Nas rodas de histórias, partimos sempre das experiências dos membros do grupo em relação às vivências, à cotidianidade e às vulnerabilidades. Ao inventar oficinas de contadores de histórias um dos objetivos era enriquecer a caixa de ferramentas dos trabalhadores de saúde e usuários dos serviços com um recurso capaz de fortalecer as estratégias de resistência empreendidas por estes sujeitos. Neste tipo de trabalho é importante que o investigador escute a história do outro, situação que não implica em silêncio ou neutralidade, oportunizando tempo e espaço aos participantes para que contem suas histórias e para que estas histórias ganhem a validade dos relatos oficiais. A ideia é agenciar subjetivações, usando as histórias como possibilidades terapêuticas, que instigam reflexões, sinalizam pistas, agenciam subjetividades, disparam resistências, constituem repositórios de estratagemas, de jogos, de resolução de conflitos, de táticas de resistência. As histórias possibilitam a expressão de inúmeras vozes, confirmando a ideia de Bakhtin (1981) de que a unidade do mundo é polifônica, presente nas múltiplas vozes que participam do diálogo da vida. No campo da saúde, da educação e da psicologia social, tem ocorrido uma revalorização das narrativas como dispositivos de agenciamento de significados. As narrativas ajudam a enfrentar mecanismos de exploração/dominação como os relacionados à raça, à classe social e gênero. E, sem dúvida, as histórias constituem possibilidades de reflexão e entendimento sobre a vida e tudo o que dela decorre, inclusive a doença, a dor e a morte.


Palavras-chave:  contadores de histórias, grupos