Resumo

Com a democratização da gestão pública em curso no Brasil a partir da constituição federal, foram constituídos conselhos gestores nos três níveis de governo, com responsabilidades de formular, deliberar sobre e fiscalizar as políticas públicas. Entre as organizações que tem ocupado espaço relevante nesses fóruns podemos destacar as universidades, as quais exercem papel relevante na disseminação e produção de conhecimentos com potencial de transformação social. Nessa perspectiva, buscou-se identificar os reflexos da participação de uma Instituição de Ensino Superior em conselhos gestores municipais sobre o empoderamento de seus representantes e, por meio deles, da organização que representam. Foram entrevistados seis representantes, organizando-se os resultados em três categorias: Ser mediador de conhecimentos/habilidades: capacidade de instrumentalizar e favorecer processos de empoderamento; participar da criação e defesa de projetos coletivos: capacidade de articulação com outros atores e organizações; e ser co-autor na formulação de políticas públicas: capacidade de influenciar a agenda e a implementação de políticas. Os resultados apontaram os conselhos como espaços de compartilhamento de saberes e habilidades: os representantes da universidade como mediadores de conhecimento nos conselhos e como porta vozes da realidade na academia. Revelam ainda iniciativas de trabalho em rede através da articulação com outros atores e organizações, mas pouca efetividade no que se refere à capacidade de influenciar a implementação das políticas. Entende-se como necessário estabelecer maior institucionalidade da participação da universidade nos espaços de produção social de políticas, criando fluxos e canais de compartilhamento de saberes, garantindo maior consistência nos processos não apenas que decidem, mas especialmente que formulam as agendas e influenciam na implementação efetiva de políticas públicas mais justas e eqüitativas.