Poster (Painel)
496-1 | Ergo(trans)formação: curtos-circuitos entre o trabalhar e os processos de subjetivação. | Autores: | Neide Ruffeil (UFRRJ/IM - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) |
Resumo Propomos explorar as possibilidades de lidar com o trabalho enquanto atividade, compreendendo-o, a partir da perspectiva ergológica (SCHWARTZ, 2000), portando um tipo de dialética entre o Registro 1 das normas antecedentes que marcam fortemente a antecipação desse trabalho; e o Registro 2 das dimensões singulares do encontro de encontros, que se produz em todo trabalhar. A perspectiva ergológica vai buscar métodos que sejam capazes de dar visibilidade à dimensão gestionária que atravessa todo trabalhar, para que os protagonistas da atividade possam se apropriar de sua atividade, individual e coletivamente, ampliando seus níveis de autonomia frente ao trabalho e à vida.
O termo ergo(trans)formação afirma uma prática de pesquisa-intervenção que se propõe transformadora da realidade, apostando numa intervenção micropolítica no seio da experiência social (Rocha e Aguiar, 2003). Esta compreensão de pesquisa afirma a produção coletiva do conhecimento pautando-se numa abordagem construtivista onde conhecer é um processo de invenção de si e do mundo (KASTRUP, 1999).
Propomos enfrentar o problema: o trabalho pode ser pensado como invenção de si e do mundo, entrando em curto-circuitagem com as formas de produzir em conformidade com organização formal do trabalho, afirmando o primado do agir próprio do trabalhador como atividade, frente ao acontecimental do trabalho?
Apresentamos aqui uma experimentação de ergo(trans)formação frente a possibilidade de formação educacional e profissional de jovens com “transtorno mental grave” em uma rede de restaurantes que acabou por se desdobrar na cartografia do trabalho coletivo e do coletivo de trabalho, tendo um jovem “portador” de síndrome de Down como protagonista da atividade. A escolha metodológica se fez em duas perspectivas distintas e complementares: (1) o método cartográfico (Deleuze e Guattari, 1995), (Guattari e Rolnik, 1986) e (Passos, Kastrup e Escóssia, 2009); e (2) o Dispositivo Dinâmico de Três Polos (Schwartz, 1999), incorporando a reformulação conceitual denominada Comunidade Ampliada de Pesquisa (Athayde e Brito, 2003).
Como conclusão, refletimos se é possível pensar a atividade inventiva de trabalho, a partir da experimentação de ergo(trans)formação que apresentamos, considerando suas condições e efeitos. Esta experimentação nos impôs pensar o trabalho (enquanto atividade) em sua indissociabilidade com a formação humana e com a produção de subjetividade. Palavras-chave: Ergoformação, Atividade, Gestão |