Resumo

Apesar dos avanços obtidos com o Sistema Único de Saúde, ainda persistem diversos desafios para que seu ideário seja traduzido no cuidado prestado à população brasileira. No rol dessas questões, insere-se a formação inadequada dos profissionais de saúde. Torna-se fundamental que os cursos de graduação disponibilizem profissionais mais humanizados, com uma postura crítica frente à realidade e que atuem como verdadeiros educadores comprometidos com a promoção da saúde. Nesse sentido, o projeto de extensão do Departamento de Nutrição/UFPB “Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde”-PINAB, vêm desenvolvendo atividades, norteadas pelos princípios da Educação Popular (EP), na Unidade de Saúde da Família (USF) “Vila Saúde” e na Escola Municipal Augusto dos Anjos (EMAA), em João Pessoa. O presente trabalho objetiva refletir sobre o papel da extensão popular na formação de profissionais de saúde através da sistematização das experiências vivenciadas pelos extensionistas na EMAA. Nesse sentido, baseando-se no referencial teórico-metodológico da EP e na Portaria Interministerial (Ministérios da Saúde e Educação) nº. 1010, que institui as diretrizes para promoção da alimentação saudável nas escolas públicas e privadas, foram desenvolvidas atividades educativas com adolescentes de 11 a 17 anos. As atividades ocorreram em três encontros, de outubro a novembro de 2009, com intervalo quinzenal, totalizando 12 horas, divididas com duas turmas. A partir das sugestões dos adolescentes foram abordados temas como a Afetividade nos Relacionamentos, Alimentação e Dietas da Moda, Transtornos Alimentares - Anorexia e Bulimia, utilizando-se músicas, vídeos, esquetes, rodas de conversa, e outros recursos. A metodologia pautada no diálogo, contribuiu para se adentrar na realidade vivenciada pelos adolescentes e para a construção dos conhecimentos pelos mesmos. Contudo, a disponibilidade reduzida de tempo para a realização das atividades, além da falta de articulação entre a EMAA e a USF, foram algumas dificuldades encontradas pelo grupo. O fato dos extensionistas planejarem e conduzirem coletivamente as atividades estimulou a pró-atividade e ampliou o senso crítico dos mesmos com relação à realidade de comunidades menos favorecidas socialmente, contribuindo para a formação de nutricionistas humanizados, sintonizados com o seu papel como educadores. Constata-se o relevante papel que a extensão popular pode exercer na formação universitária na área da saúde.