9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:479-1



479-1Espaços de navegação da Redução de Danos: experiência dos encontros
Autores:Michele Eichelberger (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) ; Flávia Costa da Silva (UFSM - Universidade Federal de Santa Maria)

Resumo

No cenário brasileiro, a Saúde Coletiva movimenta um campo de tensões, de gestão e práticas de saúde. Instaura redes de interfaces, de movimentos que buscam produzir agenciamentos. A Redução de Danos, em consonância com a Saúde Coletiva, apresenta-se como uma composição entre-saberes, concentra-se e se abre em defesa da vida de pessoas que usam drogas. Em Santa Maria/RS, um dos desafios da política de Redução de Danos foi à composição de uma rede de conversação com a atenção primária, trabalhadores, usuários, instituições formadoras e sociedade em geral. Neste sentido, foi disparado em dezembro de 2006 a experiência do Fórum Santamariense de Redução de Danos como dispositivo para construção de uma rede de interfaces no âmbito da política e articulação das práticas. Até dezembro de 2008 foram realizados 12 encontros itinerantes. Esse espaço borrou fronteiras institucionais, e colocou-se a disposição do encontro. Os encontros que aconteceram privilegiaram o uso de tecnologias que ampliam a liberdade, trabalhando condições possíveis para produção da saúde, colocando como técnica (techné) a Arte da Atenção. Potencializou olhares mais artesanais, a habilidade de lidar com situações, que remete a uma relação humana de qualidade, e menos a disciplina, que assujeita o outro e, por vezes, impede a relação. A partir dessa experiência, entendemos que se compreende em relação. O Fórum Santamariense de Redução de Danos ressoou a idéia de que conhecer remete a compreender e que é possível trabalhar em composição com o outro. Fez emergir a noção de que no campo da saúde, não há a verdade, mas sim verdades que evidenciam microdiferenças. Assim, na dobra, no entretempo, lugar dos acontecimentos, da dissonância entre a gestão centralizadora dos coletivos e a experiência cotidiana, acreditamos na produção de formas de resistência, não no sentido reativo, mas na capacidade plástica do exercício de criação, que dá passagem à realização. Não apontando para questões do sujeito, mas para a subjetividade, como algo afetado a cada experiência, encontro com o outro. Pensamos que essas questões podem ser deslocadas para potencializar a formação do profissional da saúde, onde não se trabalhe com um modelo a priori, mas onde interessa o que vai aparecendo, o que vibra.


Palavras-chave:  Encontros, Experiência, Redução de Danos