Resumo

Apesar das definições atuais, valorizando a visão integral da saúde, existe uma concepção individual e particular sobre “saúde” oriunda da cultura, construída a partir das experiências de vida da pessoa. Esta concepção norteia e mesmo define a maneira pela qual o indivíduo lida com sua saúde, e quando isto se aplica à figura materna, assume abrangência maior, visto que, na maioria das vezes, a mãe é responsável por determinar as ações de saúde de toda a família. O objetivo deste trabalho foi levantar a concepção de saúde das mães que procuravam o serviço de pediatria numa Unidade Básica de Saúde integrada a uma universidade privada da cidade de Itajaí/SC, identificando se existe neste meio, em constante convívio com a comunidade universitária, uma concepção de saúde no seu sentido ampliado. A amostra foi de conveniência composta por 60 mães, os dados foram obtidos a partir de uma entrevista com as mães que buscaram o serviço de Pediatria entre os meses de setembro de 2008 e fevereiro de 2009. As entrevistas foram realizadas na sala de espera da Unidade Básica de Saúde antes da consulta com o médico pediatra. As respostas foram gravadas em meio digital e posteriormente transcritas, analisadas e organizadas conforme os preceitos da análise de conteúdo. Na amostra foram levantadas diferentes concepções para a “saúde”, sendo que a maioria das mães definiu-a de forma bastante vaga, referindo que “saúde era tudo”, ficando evidente a importância atribuída à saúde como elemento determinante para uma vida com qualidade. Também foi frequente o termo “cuidar” referindo-se aos cuidados referentes à higiene e com a alimentação e o acompanhamento e seguimento correto dos conselhos médicos. Nesta categoria ficou evidente que a concepção de saúde está relacionada ao controle das condições físicas que podem provocar doenças e uma visão de saúde como “ausência de doença”. Os demais âmbitos do conceito ampliado de saúde como o lazer, o bem-estar, a afetividade, o estado mental e a espiritualidade, estiveram presentes na fala de pouquíssimas mães. Ficou evidente que na concepção de saúde ainda prevalece a parte física do “constructo saúde”, além da centralização dos saberes referentes à saúde, na pessoa do médico. Estes achados apontam a necessidade de intervenções junto à população no sentido de discutir e reforçar uma visão ampliada da saúde e de esclarecer a importância de responsabilização social pelos cuidados com a saúde.