Resumo

A violência intrafamiliar contra a mulher, historicamente perpetuada pelo silêncio da sociedade que considerava esta agressão natural, ainda é tratada como uma relação familiar particular entre homem e mulher. Atualmente, não se pode compreender esse tipo de violência como restrito a família, pois além de uma questão social também implica na saúde pública, onerando diversos custos para o sistema único de saúde. Assim, buscou-se com este estudo conhecer quais as implicações que a violência intrafamiliar contra a mulher acarreta no âmbito das relações familiares. Para isso, foi realizada uma pesquisa exploratório-descritiva com abordagem qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram 17 mulheres vítimas de violência intrafamiliar. O cenário da pesquisa foi um grupo de apoio sócio-educativo de um município de pequeno porte do interior do Rio Grande do Sul. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Santa Maria, sob número CAAE 0240.0.243.00-09. Para coletar os dados utilizou-se uma dinâmica de criatividade e sensibilidade (DCS), que faz parte do Método Criativo Sensível. Realizou-se um encontro, no qual se abordou a dinâmica Árvore do Conhecimento, e a partir dela, as pesquisadas foram convidadas a preencher, no desenho de uma árvore, nas raízes, tronco, galhos e folhas, a questão geradora: quais as causas e consequências da violência intrafamiliar na sua vida? A análise dos dados ocorreu por meio da análise de conteúdo temática, criando-se três categorias: implicações da violência intrafamiliar para a saúde da mulher; implicações para as relações familiares; implicações sócio-culturais e de gênero. Os resultados apontam como implicações para a saúde das participantes, as alterações emocionais como: ansiedade, depressão, transtorno do estresse. Além disso, as lesões físicas e agressões verbais também foram ressaltadas. As principais implicações para as relações familiares constituem-se nas brigas, no desprezo e na desunião familiar. Como implicações sócio-culturais e de gênero têm-se a reprodução da violência e o machismo. Conclui-se que um trabalho multidisciplinar das equipes de saúde, buscando diminuir os fatores de risco possa reduzir a violência intrafamiliar contra a mulher através do fortalecimento dos vínculos familiares. Acredita-se que o trabalho em grupo com mulheres vítimas de violência intrafamiliar propicia o empoderamento e a cidadania, já que contribui para que elas se sintam integradas socialmente.