Resumo

Caracterização do problema: Tendo como referencial teórico-prático a Agroecologia e buscando a melhoria na qualidade de vida da população do campo, profissionais da saúde juntaram-se aos profissionais das ciências sociais e agrárias. Além de prever a eliminação do uso de insumos químicos na produção, o trabalho vem permitindo problematizar e implementar práticas de saúde no cotidiano das comunidades de agricultores familiares. Descrição da experiência: Em realização junto a duas comunidades quilombolas no município de Adrianópolis, Vale do Ribeira Paranaense. Juntamente com atividades de fortalecimento da organização comunitária e transição da agricultura convencional para a agroecológica, o trabalho em saúde tem se concretizado através de duas ações principais: a produção e orientação para o uso de plantas medicinais e a capacitação e fortalecimento do controle social. O grupo de plantas medicinais permite resgatar e valorizar o modo como a comunidade vem historicamente lidando com sua própria saúde através do debate de questões referentes à medicalização excessiva, ao conhecimento e práticas de saúde próprias e ao modo como as novas gerações vêm lidando com esses conhecimentos e práticas. As ações de fortalecimento do controle social permitem a transformação das angústias e demandas individuais em reivindicações coletivas, contribuindo para a construção de uma assistência à saúde mais adequada. Isso é possível a partir do momento em que entendem melhor o que é, como funciona e a quem se destina o SUS e percebem a importância da participação social para sua consolidação. Efeitos alcançados: Com o início do trabalho uma agricultora das comunidades foi eleita conselheira municipal de saúde. A comunidade se mostra mais sensível e atenta ao debate da saúde, apresentando uma postura de posicionamento e busca de ações concretas para a resolução das demandas. Recomendações: Para um trabalho efetivo, as reflexões e saídas geradas pelos impasses encontrados na experiência prática mostram ser essencial o uso de uma metodologia participativa, o desenvolvimento de ações concretas e contextualizadas, que partam e se relacionem a cada momento com o cotidiano da comunidade, o trabalho interdisciplinar e intersetorial e um referencial teórico que se paute no conceito ampliado de saúde, entendendo que a mesma não é construída apenas dentro dos serviços que compõem o SUS, mas fundamentalmente fora deles, nas práticas do cotidiano.