9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:363-1


Poster (Painel)
363-1Reflexões sobre os desafios na Implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)
Autores:Alessandra de Quadra Esmeraldino (UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Fernanda Lazzari de Freitas (UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA) ; Thais Titon de Souza (UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA)

Resumo

Recentemente, a implementação dos NASF tornou-se mais uma iniciativa para a reorientação das ações de saúde, através da ampliação da abrangência e do escopo das ações na atenção básica (AB). Embora se tenha compreensão de que os NASF devem, ainda, percorrer um longo caminho para realmente encontrar-se efetivados, a necessidade de discussão torna-se premente diante da complexidade de relações e situações identificadas na AB. Pretende-se discutir problemáticas relativas à sua implantação, a fim de reforçar princípios e diretrizes como a interdisciplinaridade, a integralidade e a equidade de acesso. Identificamos como problemáticas: 1) na prática, o processo de implantação do NASF corre o risco de efetivar-se através de conhecimentos acumulados por cada área em seu campo de saber, sem promover a integralidade e o trabalho interdisciplinar; 2) diante do excessivo número de Equipes de Saúde da Família (ESF) vinculadas ao NASF, há dificuldade de conhecer mais profundamente os territórios adscritos, dificultando também a prática da intersetorialidade e minimizando a potência de construção de formas de cuidado integral, uma vez que não são aprofundadas as complexas relações sociais estabelecidas no processo saúde-doença; 3) se a equidade do acesso às ESF muitas vezes é prejudicada, o que dizer da equidade de acesso ao NASF, uma vez que, mesmo não vinculadas diretamente, cerca de 24.000 a 60.000 pessoas estão sob sua responsabilidade?; 4) ainda que diretrizes estejam estabelecidas, como vem se dando a vinculação dos municípios, mais como instrumento de transferência de recursos federais do que como estratégia para a qualificação da atenção? Como estão os níveis estadual e federal acompanhando este processo?; e, 5) até que ponto os profissionais do NASF foram formados e estão preparados para atuação na AB, utilizando ferramentas como apoio matricial, clínica ampliada, projeto terapêutico singular e projeto de saúde no território? Os pontos levantados trazem à tona a preocupação com a efetivação desta política como um recurso para a qualificação da AB. Experiências inovadoras envolvendo profissionais não inseridos na ESF, como as desenvolvidas por residências multiprofissionais, podem ser uma potência para desvendar e vislumbrar possibilidades que qualifiquem a organização e a atuação dos NASF, efetivando uma AB que supere a prática disciplinar centrada na doença e no biológico.


Palavras-chave:  NASF, DESAFIOS, PRÁTICA