9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:350-2



350-2HISTÓRIAS DA VISA REAL: A TÉCNICA DE CONTAR HISTÓRIAS COMO UMA ESTRATÉGIA DE SOCIALIZAÇÃO E REFLEXÃO DAS PRÁTICAS EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Autores:Daniella Guimarães de Araújo (ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA) ; Marilene Barros de Melo (ESP/MG - Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais) ; Gustavo Azeredo Furquim Werneck (NESCON/UFMG - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM SAUDE COLETIVA)

Resumo

O campo da vigilância sanitária (VISA) tem buscado várias estratégias no sentido de se consolidar enquanto ação competente em saúde. Nesta perspectiva, tem ampliado seu espectro de atuação indo além das inspeções sanitárias e de ações punitivas e caminhando em direção às abordagens preventivas com ênfase nos processos educativos e na participação dos diversos sujeitos envolvidos. Dessa maneira, procurou-se escutar os trabalhadores que compõem a VISA no âmbito nacional, a partir de narrativas relacionadas às suas experiências de trabalho, denominadas de Histórias da VISA Real. Todos os trabalhadores da VISA foram convidados. Em 70 dias, 113 técnicos enviaram por meio eletrônico 189 histórias. Esta pesquisa de abordagem qualitativa objetivou analisar as histórias relatadas. A partir da técnica de análise de conteúdo apreendeu-se as categorias: 1- Representação sobre a VISA pelo cidadão/setor regulado, sinalizada em 20,6% das histórias, refletindo a imagem que se tinha da VISA; 2- Representação do Risco, presente em 11,10% das narrativas, relacionava-se à concepção de saúde; 3- Réplica do setor regulado, assinalada em 15,9%, associada à percepção da VISA e do risco; 4- Particularismos, 8% dos relatos, sustentados pelo capital social do reclamante para priorizar a resolução ou a manutenção da situação de risco; 6- Situações Inusitadas, encontradas em 5,8%, possuiam elevado teor cômico ou eram pouco comum; 7- Processo de Trabalho, categoria mais prevalente, 38,6% das histórias expressavam a realidade da vida laboral, retratada nas ações concluídas em VISA; na crítica ao processo de trabalho; na concepção ampliada de saúde; nos sujeitos e riscos envolvidos nesse processo; no imperativo do Poder de Polícia e na alta demanda. Como pretendido, constituiu-se através das histórias escritas pelas mesmas mãos que fazem o exercício diário da VISA, um espaço de reflexão e crítica sobre concepções, práticas e acordos cotidianos vividos nesse processo de trabalho. Resgatou-se, ainda, o sujeito trabalhador que a partir do seu fazer cotidiano pode subsidiar a consolidação e/ou o redirecionamento das ações concretas em VISA. Ampliando, assim, a partir de fatos reais, a possibilidade de transformação da realidade em VISA e o compromisso com um “viver melhor”.


Palavras-chave:  Processo de Trabalho em Saúde, Representação Social, Vigilância Sanitária