Resumo

A UNISC possui um serviço-escola que denominado Serviço Integrado de Saúde–SIS, que desde seu início (1997) implementa projetos interdisciplinares/multiprofissionais. Em parceria, os cursos da área da saúde sustentam a formação da graduação, integrando práticas de estágios, atividades de pesquisa, extensão e atendimentos comunitários. O SIS se beneficia de um grande número de trabalhadores-estagiários conseguindo propor um espaço de trabalho sustentado no movimento e nos efeitos da tensão entre Autonomia e Controle. Incentiva-se o exercício de práticas profissionais autônomas e co-responsáveis no âmbito de uma organização com atividades previstas, normas e regras instituídas. Esta relação produz espaços de potencia, num permanente “equilíbrio instável” entre autogoverno e regras do controle da organização. Espaços de criação que, segundo Merthy(1999), opera sobre tensões potências, possibilitando novos espaços de poder/conhecimento na saúde. Um dos agenciadores desta relação tensão-potência se configura na medida em que os trabalhadores do serviço são instigados a moldarem seus trabalhos e construírem estratégias de produção de si, sedimentados na seguinte pergunta: eu gostaria de receber o tratamento ou atendimento que eu ofereço ao usuário deste serviço? Em que medida eu faço o que deveria ser feito? Eu considero suficiente e eficaz a oferta que faço ao usuário neste serviço? Em que medida eu posso e torno mais eficaz a oferta neste serviço? Como me reconheço nesta relação com o outro e com os coletivos? Em que condições poderia ser diferente esta relação? Qual a minha participação neste processo? Ao longo de seu funcionamento, o serviço instituiu muitas práticas entre outras: ACOLHIMENTO: valoriza a singularidade do sujeito, avalia risco, sofrimento e urgência, proporcionando um primeiro amparo ao sofrimento. PLANTÃO: atenta para o que emerge na crise produzindo condições para uma retificação subjetiva. As intervenções podem ser realizadas no SIS ou através de visitas domiciliares, atendimentos aos familiares, etc. Projeto Terapêutico Singular: requer a participação do usuário na elaboração/construção do atendimento/tratamento. Realiza-se levantamento das expectativas e propõe-se um cronograma para conclusão e avaliação do processo. Medicação: avaliado e problematizado permanentemente o sentido da medicalização e impacto na vida. PRÁTICAS GRUPAIS: dispositivos que produzem sentimento de pertencimento que favorecem a produção de saúde.