9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:341-1



341-1O TRABALHO NUMA UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: DESAFIOS E CONTRADIÇÕES
Autores:Ana Ruth Barbosa de Sousa (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Anarita de Souza Salvador (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Daniel Rangel Curvo (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo

Há aproximadamente 4 anos, o município de João Pessoa vem optando em investir na construção de Unidades Integradas de Saúde da Família, em substituição ao modelo tradicional de USF “isoladas”. Essas Unidades são constituídas por um espaço físico que abrange até quatro Equipes de Saúde da Família, as quais dispõem de consultórios individuais para os profissionais de nível superior, sendo a maioria dos ambientes de uso comum, como por exemplo, sala de observação, sala de vacina, sala de reunião etc. Durante a inserção da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade, oferecida pelo NESC/UFPB, numa dessas USF Integradas, foram percebidos alguns aspectos relevantes à reflexão de como esse modelo de integração interfere no processo de trabalho das equipes. Através da observação participante do cotidiano da Unidade e da escuta de profissionais e usuários sobre o tema, identificou-se uma grande vantagem na construção desses prédios, vista na nova estrutura física, em detrimento de prédios antigos e com infra-estrutura precária, onde funcionavam as USF anteriormente. Além disso, foi apontada a facilidade na administração e financiamento por parte da gerência municipal e na ampliação da cobertura do PSF. Contudo, algumas implicações negativas foram explicitadas, principalmente o afastamento da Equipe do território adscrito, o que dificulta o vínculo com a comunidade e o acesso dos usuários ao serviço, características que se contrapõem aos princípios do SUS. Foi mencionado também o fato de que o processo de trabalho torna-se mais difícil de organizar, à medida que ocorre a sobrecarga de alguns profissionais que assumem a demanda de outra equipe que não esteja completa, além da tensão gerada pela falta de integração pessoal entre os profissionais das diferentes equipes. Outro aspecto negativo é a falta de planejamento de espaço físico apropriado para a realização de ações coletivas, visto que as salas e pátios existentes no projeto das Unidades Integradas não são suficientes para acolher adequadamente nem mesmo o quantitativo total dos profissionais. Enquanto residentes, que partilhamos das dificuldades aqui colocadas, ressaltamos que a opção gerencial de investir nessas Unidades não pode deixar de considerar a garantia plena do acesso a uma saúde de qualidade, que vai além da oferta de uma infra-estrutura inovadora. Acreditamos que são necessários estudos mais aprofundados sobre tal modelo de integração para que se possa avaliar sua efetividade.


Palavras-chave:  saúde da família, unidade integrada, unidade integrada de saúde da família