328-3 | O Saber leigo potencializando vidas | Autores: | Bárbara Ferreira Leite (UFRGS - Universidade Federal do Rio grande do sul) |
Resumo o trabalho tem como objetivo apresentar uma das diversas atividades realizadas durante vivência no Cenário de prática Residencial Terapêutico Morada São Pedro. A partir de nossa aproximação, enquanto residentes do programa de Saúde Mental Coletiva da UFRGS, tivemos a oportunidade de vivenciar o cotidiano de diversos moradores e as diferentes formas de viver neste local. Conforme fomos circulando pelas ruas, casas e vidas da Vila São Pedro pudemos acompanhar diversas atividades de vida diária, relações de vizinhança, cenas de conflito, amizades e tantas outras. Através dessas vivências percebemos que alguns moradores possuem maior inserção no espaço em que vivem, com apropriações. No entanto, como algo importante e diferencial, vimos a relação intensa de cuidado que ocorre entre os moradores e as trabalhadoras contratadas por eles para auxiliar nos cuidados e organização da casa. Estas que a princípio são responsáveis por diversas tarefas como limpar e cozinhar, em contato diário com os moradores desenvolvem um trabalho muitas vezes despercebido, como o “potencializar vidas”. No desenrolar de nossa prática, nos momentos de compartilhamento de experiências em reunião de equipe e supervisão, avaliamos a necessidade de realizar um trabalho específico com essas trabalhadoras - auxiliares das atividades domésticas. Primeiramente na tentativa de problematizar autonomia e tutela, e como isso ocorre na prática. Realizamos encontros com as trabalhadoras, onde não ocupamos um lugar de saber específico, mas sim oportunizamos um espaço de Roda de Conversa onde a palavra circulou livre para os “relatos- acontecimentos” do cotidiano das casas. Nesse encontro as trabalhadoras tornaram-se grandes contadoras de histórias, e revelaram-se como potentes agenciadoras de um cuidado ampliado. Ao ouvir esses acontecimentos fomos observando a riqueza do trabalho que vem sendo desenvolvido, atentando às singularidades. A experiência com o saber leigo, expressão legítima por indicar um saber em trabalho, foi predominantemente positiva. Vimos que o fato de se tratar de trabalhadoras não preparadas formalmente para lidar com pessoas em reabilitação psicossocial não exclui a possibilidade de atitudes promotoras de cidadania e autonomia. Os encontros não se ocupavam de especializar o trabalhador, nem mesmo de um lugar de supervisão coletiva, mais sim de oportunizar encontros coletivos através de roda de conversa para serem compartilhadas e revividas as cenas do cotidiano.
Palavras-chave: residencial terapeutico, cuidado ampliado, cotidiano |