9º Congresso Nacional da Rede Unida 2010
Resumo:316-1



316-1Implicações culturais na saúde mental da mulher indígena de Dourados, Mato Grosso do Sul
Autores:Márcia Regina Marchezan (UNIGRAN - Centro Universitário da Grande Dourados) ; Adriana Sordi (UNIGRAN - Centro Universitário da Grande Dourados) ; Leile Fernandes Silverio (SPMS - Membro da Sociedade psicanalítica do Mato Grosso do Su)

Resumo

Mesmo com o estabelecimento das diretrizes para o atendimento em saúde mental das populações indígenas, de 25 de outubro de 2007, do Ministério da saúde, garantir o bem-estar emocional dessa comunidade ainda é um desafio que as políticas públicas precisam superar. Segundo a FUNASA (2008), as equipes que trabalham nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e os dirigentes das reservas indígenas têm identificado que os desentendimentos familiares, as disputas de poder e de terras nas comunidades, os feitiços, as desilusões amorosas, as poucas perspectivas de crescimento social e o suicídio estão geralmente associados ao abuso do consumo de álcool, ao uso de outras drogas e à inserção de novas culturas no cotidiano das reservas. Consequentemente, essa desestabilidade social e emocional vem afetando a saúde mental dessa comunidade de forma incisiva. Segundo o consultor da Unesco no Brasil, o antropólogo Fábio Mura (2007), entre a tentativa de controle tradicional exercido pelas famílias e os anseios dos jovens indígenas existem conflitos e, em meio a esta situação conflituosa, a mulher indígena sofre diretamente essas influências, tendo em vista que a responsabilidade de promover o equilíbrio emocional e educacional de sua família é culturalmente sua. Nas palavras de uma indígena, “a mulher tem e sempre teve uma influência muito grande nas decisões internas das aldeias, só que isso não transparece muito para toda a comunidade”, ou seja, aparentemente a sociedade indígena é governada pelos homens. No entanto, essa mulher está administrando, muitas vezes sem preparo psicológico, os fatores culturais que afetam o seu bem-estar emocional e o da sua família. Considerando essa realidade e a importância da participação e da inovação dos cuidados com a saúde mental, como prática de cidadania, esse relato de experiência traz o levantamento das implicações culturais que vem comprometendo a saúde mental da mulher indígena e respectivamente de sua comunidade – reserva Bororó, da cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul. Para tornar possível tal levantamento, foram feitas observações empíricas durante os quatro meses de Estágio Básico I, da disciplina de Psicologia Social e Comunitária, desenvolvido no Núcleo de Atividades Múltiplas (NAM), da UNIGRAN, na reserva indígena Bororó, de etnia Guarani, Kaiowá e Terena, da cidade de Dourados, MS.


Palavras-chave:  Implicações culturais, Saúde mental, Mulheres indígenas