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300-1 | A violência desvelada na saúde mental pela intersetorialidade Saúde e Educação | Autores: | Carmen Tereza Gonçalves Trautwein (PMSP STS IPIRANGA - Prefeitura Municipal de São PauloPMSP STS IPIRANGA - Prefeitura Municipal de São Paulo) ; Marilda Silva de Sousa Tormenta (PMSP - CRS SUDESTE - Prefeitura Municipal de São Paulo) |
Resumo INTRODUÇÃO: No trabalho como psicóloga clínica, em Unidades Básicas de Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo, recebemos inúmeras queixas de dificuldades de aprendizagem trazidas por mães de alunos, que buscam no atendimento psicológico destas unidades, a solução para tais queixas. Tomando como referencial teórico a abordagem sócio-histórica, formulada por L. S. Vygotsky, desenvolvemos pesquisa sobre este tema para dissertação de mestrado e aqui discutiremos os resultados.
OBJETIVOS: Compreender que sentido as crianças constroem sobre si quando encaminhadas pelo professor, a um serviço de atendimento psicológico, com dificuldades de aprendizagem.
METODOLOGIA: Realizamos uma pesquisa qualitativa por meio de entrevistas individuais e em grupo, com cinco participantes, com idade entre 8 e 12 anos, alunos de escolas públicas, encaminhados ao atendimento psicológico em uma Unidade Básica de Saúde do município de São Paulo. Desenvolvemos um estudo exploratório, na perspectiva de uma primeira investigação sobre os sentidos construídos pelo aprendiz, realizando análise de conteúdo com uma conotação construtivo-interpretativa.
RESULTADOS: A escola é vista como um lugar chato, fraca; onde é possível ser mandado para a diretoria, ficar sem recreio ou ser suspenso, além de ser o local de várias agressões, punições e injustiças. Os professores são apontados como pessoas violentas que desrespeitam seus alunos, seja por mentir, dando falsos parabéns; fazer ameaças e não cumpri-las; criar situações desagradáveis onde um aluno é exposto frente aos colegas; gritar muito, causando ansiedade e por menosprezar as habilidades dando mais desenho ou encarregando de pequenas tarefas, mantendo-o à margem das atividades da classe.
A violência nua e crua parece fazer parte do cotidiano das escolas não apenas por parte de professores que beliscam, dão cascudos, puxam e empurram, mas também dos alunos que se vangloriam de quebrarem braços de colegas e de terem assistido a colegas quebrando braço de professor.
CONCLUSÃO:
Este estudo confirmou ser possível utilizar a entrevista com crianças como instrumento válido para ouvir o aluno, sujeito diretamente implicado no processo. O fato de dar voz aos alunos entrevistados mostrou ser instrumento significativo na mediação das pretensas dificuldades com seus possíveis portadores.
As entrevistas permitiram descobrir, segundo o verso de Caetano, que às vezes o aluno “cala a boca, mas não cala na boca, notícias ruins”.
Palavras-chave: dificuldade de aprendizagem, integração saúde-educação, violência |