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283-1 | Docência em saúde: desafios e complexidade | Autores: | Guilherme Torres Corrêa (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública) ; José Inácio Jardim Motta (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública) |
Resumo Os conceitos de saúde e conhecimento evoluíram de tal forma que uma abordagem simplificadora não dá conta da complexidade que estes adquiriram. Diante desse quadro, a formação em saúde, e mais especificamente, a docência em saúde, se apresenta como uma atividade desafiadora, uma vez que está imersa nesses dois campos complexos, saúde e conhecimento, os quais são atravessados por outro campo desafiador, a educação. O campo da saúde apresenta questões por ora não resolvidas, algumas destas ainda mais desafiadoras se considerarmos o exercício da docência: atenção integral, cuidado, comunicação, trabalho em equipe, intersetorialidade, alteridade, multiculturalismo, controle e participação social, e a própria educação. Nessa perspectiva, este estudo pretendeu lançar um olhar diferente sobre a questão da docência em saúde, tomando como referência o pensador Edgar Morin, teórico da complexidade e entusiasta dos desafios da educação de nossos tempos. O pensamento complexo (complexus: o que é tecido junto) de Morin se apresenta de modo a tentar superar o paradigma da ciência clássica e, para tanto, opera por diferentes princípios, dentre eles: o dialógico (duas coisas podem ser ao mesmo tempo complementares e antagônicas), recursivo organizacional (não existe causalidade linear, as coisas são ao mesmo tempo produtos e produtoras), e hologramático (ao mesmo tempo em que o todo contém a parte, a parte contém o todo). Dentre os desafios da educação estão: a pertinência do conhecimento, na medida em que um dos resultados da fragmentação disciplinar é a descontextualização do saber; o enfrentamento da incerteza, aceitar a impossibilidade do conhecimento absoluto, mas não de forma passiva, sim tomando-a como um desafio ainda maior na busca pelo saber; e o ensino da condição humana, para conhecermos o ser humano devemos situá-lo no universo, não separá-lo deste, uma vez que as interações entre indivíduos produzem a sociedade, que testemunha o surgimento da cultura, e que retroage sobre os indivíduos pela cultura, que não é única, é diversa, e assim os seres humanos devem se reconhecer, pela sua diversidade e pela sua humanidade comum. Portanto, acreditamos que uma abordagem fundamentada nos princípios do pensamento complexo, e tendo como norte as questões da educação propostas por Morin, ao dialogar com a complexidade dos campos da saúde, conhecimento e educação, possibilitará a construção de uma perspectiva de superação dos desafios do exercício da docência em saúde. Palavras-chave: complexidade, docência em saúde, Morin |