Resumo

Se colocar contrário à estrutura capitalista vigente defensora de valores individualistas, exploração do trabalho e negação de direitos, torna-se dever ético de todos profissionais de saúde comprometidos com os princípios do SUS e com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido, torna-se necessário que sejam traçados novos horizontes para a formulação de propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias com o modo de vida daqueles que a vivenciam. Dessa forma, o desvelamento da realidade social torna-se pressuposto para a construção destes novos horizontes. Sendo assim, defende-se a perspectiva de que o trabalho dos profissionais de saúde deve objetivar a apreensão da pesquisa científica enquanto meio viabilizador para realizar leituras de realidade e assim, buscar alternativas e estratégias para a intervenção profissional. Tendo em vista a imprescindibilidade de desvelar a realidade social no intuito de coletivamente buscar estratégias para superação dos problemas identificados, a equipe da UBS 8 do Morro da Cruz desenvolve periodicamente um Censo com a população usuário do serviço afim de conhecê-la, sendo o último realizado em 2005. Neste sentido, no ano de 2010 a equipe está desenvolvendo a atualização do Censo objetivando identificar as principais questões demandatárias de intervenção. O Censo é elaborado em todas suas fases por toda equipe (incluindo equipe fixa e residentes), compreendendo a construção do instrumento, testagem, aplicação, análise e produção de relatórios. Com a atualização do Censo a equipe pretende perfilar a população usuária identificando faixas etárias, escolaridade, prevalência de doenças, composição dos núcleos familiares, entre outros dados relevantes para o serviço. Além disso, serão revisados e atualizados todos os prontuários cadastrados na UBS e o mapa do território. Entende-se relevante a aplicação do Censo junto a população usuária da UBS 8, pois compreende-se que a construção de propostas criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, na perspectiva da construção coletiva de uma nova ordem social, somente são possíveis se os profissionais forem capazes de decifrar a realidade a partir das demandas emergentes, uma vez que as possibilidades estão postas nela mesma, mas não se fazem conhecer automaticamente e nem se transformam em propostas interventivas prontas.