Resumo

Foram 15 dias com pessoas de diferentes lugares e cursos que muitas vezes conhecemos só pelo nome, devido a formação ser isolada e distante entre os cursos. Estávamos lá com vontade de conhecer, viver e se entregar ao desconhecido. Éramos em 20 pessoas, 20 histórias de vida, 20 desejos, 20 sonhos, enfim 20 possibilidades novas de se construir e conhecer. Então nos deixamos levar, motivadas por acreditar na construção diária do nosso SUS. Chegar a uma Instituição que toma conta da saúde de Porto Alegre e arredores com uma proposta corajosa, afinal, ser 100% SUS é enfrentar a lógica que invade “as cabeças” e os imaginários de todo mundo:o que é isso?Isso existe?Pode? Perguntas que várias pessoas fazem. Pudemos sair após os 15 dias e responder de coração aberto. Pode sim!Existe sim! Porém é complexo e exige “pensações” e compromisso.Talvez pensar seja o nosso papel principal. Pensar que na nossa formação há muito que se fazer, que se discutir e construir possibilidades para este desejo e sonho de acreditar que a Saúde Pública é para todos e é feita por todos diariamente que trabalham, pensam, estudam e usam. Neste sentido, poder conhecer e conviver com estas pessoas que estão fazendo uma parte do que é o SUS foi uma experiência muito significativa. Significativa no sentido de perceber as angústias, dificuldades, a necessidade de que a nossa formação seja voltada para o que população precisa e que seja também integrada com os saberes dos demais cursos. As conquistas: percebemos também, que muitas vezes estar aberto para ouvir é um cuidado necessário. Muitas falas e gestos nos atravessaram nesta caminhada. Chegar na Unidade e as pessoas dispostas a nos mostrar seus fazeres; dançar e brincar num grupo de idosos; perceber que o silêncio num grupo de cuidadores tem muito a dizer; que numa consulta médica é possível ouvir; que há espaços para meditações e que sentar no muro do Conceição pode ser um bom momento de aprendizado. Foram momentos importantes que fizeram destes dias algo que ficará para sempre. Enfim, a nossa formação precisa de uma profunda reflexão, pois cuidar é sempre complexo, cuidar da gente, cuidar do outro, do mundo, é um compromisso. Portanto é importante retomar a discussão entre estudantes, profissionais, gestores e usuários de como dar continuidade ao VER-SUS, de incentivar as instituições de ensino e de saúde a realizar a vivência, assim como o GHC mostrou ser possível e também pensar em criar outras formas de melhorar a formação em saúde.