Resumo

O espetáculo, segundo Guy Debord, passou a ser o elemento fundamental da ideologia do capital. A imagem passa a representar uma falsa realidade em um discurso unilateral. Em nossas vidas, o cotidiano passou a ser mediado pelas imagens, produzidas pelo capital e naturalizadas pelo aumento de sua reprodutibilidade. A partir da 3º Revolução Técnico-Científica, novas tecnologias possibilitaram uma maior produção e reprodução de imagens, como câmeras filmadoras e fotográficas mais baratas e mais leves. Assim, “qualquer” indivíduo passou a ter a possibilidade de realizar um vídeo ou tirar uma foto com mais facilidade. Mas esta produção de imagens é mera reprodução subjetiva da ideologia do capital ou traz uma autoria sobre ela? Diante deste contexto da sociedade contemporânea, a escola passa a conviver e a perceber outros espaços formativos cada vez mais importantes na construção de significados e subjetividades. Configura-se, assim, uma difícil missão: pensar uma educação audiovisual no ambiente escolar considerando outros espaços formativos como a TV e o Cinema, que não são tradicionalmente vistos como ambientes pedagógicos formativos. O presente estudo visa através de uma proposta metodológica de “pesquisa participante”, ou seja, um processo de pesquisa, educação e ação, discutir e propor referências iniciais para a inserção da educação audiovisual crítica como componente curricular de uma educação em saúde. A escola de saúde estudada inicialmente é a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio EPSJV/FIOCRUZ, onde a disciplina de audiovisual e cinema se encontra em fase inicial (Na primeira série do ensino médio, são realizados cineclubes, como forma de desnaturalização dos olhares dos alunos. No segundo ano, são estudadas a história e as vanguardas do cinema, linguagem cinematográfica e contemporaneidade imagética. No terceiro ano, realiza-se um projeto de produção de curtas.) O objetivo desta disciplina é proporcionar uma educação audiovisual crítica que somatize à educação politécnica, permitindo ao jovem entender o seu contexto social, seja na saúde, no trabalho ou no cotidiano, fortalecendo-o como cidadão crítico capaz de interpretar e criticar as imagens a partir do contexto e do discurso em que foram produzidas, formando assim espectadores críticos, superando a passividade tão própria da sociedade contemporânea.