Resumo

Acidentes com moto ocupam posição especial nas estatísticas do trânsito no Brasil. Dados apontam para cada 10 acidentes 8 tem a motocicleta como protago- nista,com forte impacto na morbimortalidade da população.Publicações apontam que os motociclistas mortos no trânsito saltaram de 300 em 1990 para 7 mil em 2006. Isso pode ser explicado pelo crescente uso da motocicleta no trabalho. Os CERESTs vêm desenvolvendo estudos e pesquisas que colaboram para desen-volver estratégias de promoção e proteção à saúde desses trabalhadores. Objetivos: Verificar junto à Delegacia Civil de Trânsito de Santa Maria(DCT) o número de acidentes de trânsito em Santa Maria(SM) envolvendo motociclistas, de junho de 2007 a junho de 2008; Comparar o número de acidentes com motociclistas, encontrados nos registros da DCT, com o número de notificações no Sistema de Informação em Saúde do Trabalhador do CEREST Centro (SIST). Como método de coleta dos dados, realizou-se busca ativa no banco de dados DCT, sobre acidentes com motociclistas ocorridos no período. Dos dados encontrados foram selecionados os acidentes de trabalho. Esses foram comparados com os dados pesquisados no SIST, e verificado as discrepâncias entre os dois bancos de dados. Os resultados apontaram 774 registros de acidentes de trânsito com moto, destes 154 relacionavam-se com o trabalho. Dos acidentes de trabalho (AT) 60,38% apresentavam idade entre 20 e 30 anos, 86,57% eram do sexo masculino e 34,23% ocorreram entre 18 h e 24 horas. 42,86% dos AT ocorreram no centro do município. Em 83,77% constava a informação profissional: motoboys, mototaxistas e tele-entregas. O SIST no mesmo período registra 08 AT com motocicleta. Conclusão: O estudo dimensionou o subregistro de AT com motociclistas em SMaria no SIST/RS, colaborando para que riscos à saúde desse trabalhador não sejam considerados pela saúde pública. As informações colocam ao CEREST dupla responsabilidade: provocar setores que regulamentam e fiscalizam as profissões de transporte com motocicleta para qualificação desses trabalhadores sobre riscos à sua saúde e demais envolvidos,comprometer a rede de serviços de saúde, prioritariamente do SUS, com a notificação de 100% dos casos atendidos. Percebe-se que o estudo colaborou com a academia, revelando conhecimentos, e com o serviço, atribuindo responsabilidades. Cabe aos setores responder à sociedade, investigando, diagnosticando, notificando, dando visibilidade e argumento à defesa da saúde dessa população.