Resumo

A Residência Multiprofissional em Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, no exercício de sua primeira turma, integra o conjunto de propostas de qualificação dos trabalhadores de saúde promovido pelo Ministério da Saúde, em conjunto com o Ministério da Educação. Essa iniciativa defende um modelo de formação que se constitua como um importante dispositivo de produção de um profissional de saúde mental articulado e comprometido com os princípios e diretrizes do SUS. Buscar-se-á aqui relatar as implicações de um trabalho interdisciplinar no cuidado integrado numa instituição psiquiátrica do Rio de Janeiro, partindo de alguns relatos de experiência dos residentes multiprofissionais em uma instituição psiquiátrica do Rio de Janeiro. As implicações colocadas pelo trabalho em saúde mental em uma instituição psiquiátrica hospitalar, as aproximações e afastamentos da instituição com o processo de reforma psiquiátrica em curso no município, a construção de um lugar para o profissional não médico nas equipes clínicas, o trabalho cotidiano nas enfermarias de pacientes agudos e a construção de uma rede de cuidados dentro e fora da instituição, são alguns dos desafios que atravessam essa experiência desde o seu início e são temas ora aqui propostos para o debate. Pensar o lugar do residente, da construção de sua ação formativa nessa modalidade de formação que se realiza pelo exercício da prática profissional sob supervisão, associada a uma formação teórica é também outro assunto que se pretende colocar em análise.Trabalhar os impasses e desafios que se colocam no cotidiano desse processo de implantação como questões é uma potente ferramenta produtora de novos papéis, novas referências, capazes de transformar os processos de trabalho. Aposta-se, que esse trabalho, por conseqüência, ativa múltiplas rede de conversações interdisciplinares produtoras de um cuidado ético, responsável, centrado nos interesses dos usuários.