131-1 | A DIMENSÃO ESTÉTICA DO AGIR EM SAÚDE: TRAGICAMENTALIDADE E GOVERNAMENTALIDADE NA PRODUÇÃO DO CUIDADO | Autores: | Ricardo Luiz Narciso Moebus (UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOUFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ; Emerson Elias Merhy (UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) |
Resumo Introdução:
A Reforma Psiquiátrica no Brasil tem produzido indiscutivelmente novas modelagens assistenciais, novos dispositivos de atenção em saúde mental, e novas práticas de produção de cuidado psicossocial.
O modo psicossocial de produzir cuidado enfrenta o desafio cotidiano de tentar encarnar uma nova ética em defesa da vida e da cidadania dos portadores de sofrimento mental, mas também uma nova estética, na validação das formas de existir.
Objetivos:
Para dar visibilidade às possíveis inovações no campo das tecnologias leves e leve-duras que operam nestes novos serviços, faz-se necessário esclarecer melhor que nova estética seria esta que atua aí.
Método:
Esclarecer esta estética requer uma reflexão sobre a idéia de trágico, sobre o sentido do fenômeno trágico, sobre a tragicidade.
Resultados:
Na passagem de uma “poética da tragédia” para uma “filosofia do trágico” encontramos o entendimento da estética como toda resposta humana para fazer frente à questão da crueldade, do sombrio e do aterrador que se encontram no mundo.
Neste sentido, contrapõem-se duas estéticas, uma que preconiza desviar o olhar do que há de sombrio e tenebroso na vida, negando estas dimensões do humano, uma estética unicamente apolínea, profundamente racionalista em sua pretensão de clareza, uma “estética socrática” nas palavras de Nietzsche, propondo um caminhar progressivo na direção da consciência. E uma outra estética, que resgata as dimensões dionisíacas, em uma afirmação mais integral da vida, reconhecendo suas forças grotescas, cruéis, imprevisíveis, obscuras, uma estética do saber trágico.
Conclusões:
A dimensão estética do agir em saúde a ser sustentada no trabalho vivo em ato nestes serviços substitutivos atualiza um confronto entre uma perspectiva apolínea, racionalista da vida, e uma perspectiva trágica da vida, que reconhece e admite uma convivência possível com as dimensões trágicas que a vida humana comporta, com seus inumeráveis estados do ser, com sua diversidade de formas de existir. Sendo portanto uma tal estética trágico-dionisíaca a que pode suportar práticas de liberdade. Palavras-chave: PRÁTICAS DE SAÚDE, PRODUÇÃO DO CUIDADO, SAÚDE MENTAL |