Resumo

A violência contra mulher é um problema de saúde pública, e o serviço de saúde é um dos locais procurados por mulheres nessa situação. A alta incidência e prevalência da violência doméstica trazem impactos na organização dos serviços públicos de saúde, bem como no atendimento por eles prestado. Este trabalho busca analisar como a questão da violência contra mulher, vivenciada na prática dos profissionais de saúde, está sendo discutida na teoria recente. O problema da pesquisa assentou-se a partir de experiência prática, observações feitas no cotidiano profissional de uma residente enfermeira em Unidades de Saúde da Família na Bahia. Após apresentação da temática a experiência vivenciada foi sistematizada e relacionada com a discussão teórica. Quanto ao método, trata-se de estudo exploratório e bibliográfico, foram recuperadas informações apresentadas em trabalhos publicados no Brasil sobre o tema nos últimos quatro anos (2005-2009), através das bases de dados LILACS, SciELO e BDENF, utilizando a palavra-chave “violência contra mulher e serviços de saúde”. Resultados da pesquisa foram apresentados e discutidos em quatro categorias de análise: papel dos serviços de saúde diante da violência contra mulher; da violência contra mulher pelos profissionais de saúde; Assistência multiprofissional e trabalho intersetorial na atenção à mulher violentada; e a relação entre violência contra mulher e políticas públicas de saúde. As produções recentes sobre o assunto apontam que, de maneira geral, a violência de gênero é um problema abordado com dificuldade pelos profissionais de saúde. Na conclusão, depreende-se que a invisibilidade da questão da violência contra mulher nos serviços de saúde reflete na pouca produção acadêmica sobre o assunto, apesar da teoria recente apontar o fenômeno da violência contra mulher como uma condição muito presente no cotidiano do profissional de saúde. Para enfrentar a questão da violência contra mulher, além de articulação intersetorial, há necessidade de qualificação dos serviços de atendimento, que implica acolhimento, escuta qualificada, mudança de postura do profissional e tecnologia adequada.