Resumo

Uma das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição para alcançar o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) é a promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, com ênfase à socialização do conhecimento sobre alimentos e processo de alimentação. Como instrumento para esta socialização, a atividade em grupo tem o objetivo de construir o diálogo coletivo, promovendo a saúde e a autonomia. Neste trabalho, utiliza-se de ações em grupo pautadas na educação popular em saúde a fim de organizar a demanda nutricional e promover alimentação saudável junto à população sob responsabilidade de um nutricionista inserido em um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) vinculado a 12 Equipes de Saúde da Família (ESF). O grupo, semiaberto e contínuo, é formado a partir de encaminhamentos de adultos e idosos pelas ESF ou por profissionais do NASF e por demanda espontânea. Com periodicidade mensal, é realizada antropometria em cada encontro. No primeiro, é construído um diálogo sobre alimentação saudável. No segundo, retoma-se esse diálogo, sendo discutida uma lista de substituição de alimentos baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira. É solicitado que os usuários registrem um dia alimentar usual, usando técnicas para percepção da qualidade alimentar. O objetivo do terceiro encontro é a construção qualitativa de um plano alimentar em grupo, com adaptação quantitativa individual. São realizados retornos trimestrais. Após cada encontro, os usuários que necessitam são ouvidos individualmente. Se necessário, os usuários podem ser encaminhados para acompanhamento individual, interconsultas, visitas domiciliares ou outros grupos específicos, em comum acordo com as ESF. Os resultados até o momento demonstram não ser possível discutir alimentação saudável desvinculada da compreensão do meio social. O trabalho em grupo permite um fortalecimento de relações entre os usuários, construindo formas de enfrentamento de seus problemas, com a sugestão de alimentos e preparações saudáveis, saborosas e acessíveis, considerando a cultura local. Com relação à organização da demanda, a experiência permitiu viabilizar o acesso através da construção de espaços de reflexão sobre fatores individuais e coletivos que influenciam as práticas de saúde e nutrição. Entretanto, faz-se, ainda, necessário reavaliar a atual recomendação ministerial para a implementação dos NASF (vinculação a 8 a 20 ESF), a fim de alcançar a efetivação do DHAA em cada território.