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84-1 | Educação Popular em Saúde na Atenção Básica: estudo da realidade de dois municípios brasileiros | Autores: | Thaís Titon de Souza (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; Milia Simielli Rocha (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; Neila Maria Viçosa Machado (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) ; Marco Aurélio da Ros (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) |
Resumo Entendendo-se que a educação para a saúde utilizada como instrumento de dominação e culpabilização dos indivíduos por escolhas que influenciam sua saúde não promove a construção da integralidade e pouco tem atuado na sua promoção, busca-se, com este estudo, contribuir para a qualificação da atenção no âmbito do SUS. Neste sentido, pretende-se analisar o processo de trabalho de profissionais na atenção básica (AB) em dois municípios brasileiros situados em regiões distintas do país (nordeste e sul), sob o prisma da educação popular. Qualitativamente, foram realizadas observação participante de atividades em grupo e entrevistas semi-estruturadas com profissionais da AB e gestores de saúde, sendo os dados submetidos à análise de conteúdo. OS resultados demonstram que o processo de incorporação da educação popular em saúde (EPS) na AB encontra-se ainda incipiente, porém mais desenvolvido no município nordestino, onde o papel do agente comunitário de saúde se faz essencial. Neste município, a maioria dos entrevistados entende a EPS como uma educação com o povo, pautada na troca entre os ditos saberes “populares” e “científicos”, originadas das condições concretas em que o povo encontra-se, em prol do fortalecimento da comunidade e da promoção de sua saúde. Por outro lado, no município do sul do país, a maioria dos entrevistados entende as práticas de EPS como um instrumento de dominação e de afirmação do saber científico, ensinado através da prescrição de hábitos e condutas ideais, entendendo-a como o modelo tradicional de educação para a saúde. Ainda, em ambos os municípios, alguns profissionais tiveram suas falas inseridas na categoria contradição, pois, apesar de acreditarem que a educação popular deve levar em consideração os saberes da comunidade, pensam deter o poder para educá-la, uma vez que entendem a informação técnico-científica como mais valiosa. A análise dos grupos evidenciou que as práticas são condizentes com o conceito de EPS identificado em cada realidade. Os resultados alcançados demonstraram ser necessário fortalecer o modelo de EPS entendido como uma relação dialética entre sujeitos, contribuindo para a autonomia do usuário, e não como uma ação prestada pelo profissional que precisa ser passada e absorvida pelo paciente. Com este sentido, a educação em saúde coloca-se como uma estratégia capaz de impulsionar a participação e o controle social através de uma prática educativa ética, promovendo também um cuidado humanizado e integral no SUS. Palavras-chave: educação popular em saúde, processo de trabalho, atenção básica |