Resumo

O presente trabalho diz de um Estudo de Caso e relata uma intervenção realizada por residentes (psicóloga, nutricionista, cirurgiã dentista e fisioterapeuta) da Escola de Saúde Pública/RS com Ênfase em Atenção Básica e Saúde Coletiva. O estudo de caso em questão foi de uma família. Idéias foram priorizadas: o SUS enquanto obra aberta; inseparabilidade de sofrimento físico e mental; que as condições ambientais, sociais e mentais se inter - relacionam; que a equipe deve captar as estruturas das famílias com as quais trabalha e, a partir daí, romper estas e gerar outras mais solidárias, saudáveis, ou seja, não existem “famílias desestruturadas”. O Estudo de Caso foi apresentado para o restante dos colegas residentes e a metodologia de apresentação gerou efeitos significativos. No início apresentamos genograma, fotos e contextualização. A intervenção baseou-se em diversas idas até a casa da família. A equipe era de profissionais de saúde, a escuta, apoio e criação de vínculo não dependeu da profissão e sim da abertura de cada um, da capacidade de afetar e deixar-se afetar, pela capacidade de realizar escuta sensível, ou seja, usufruir das tecnologias leves no ato de produção de saúde. No começo da residência uma integrante da família em questão foi encaminhada para a psicóloga, pois já estava há anos em acompanhamento psicológico na UBS, mas uma leitura de demanda se mostrou necessária. Os princípios que orientavam esta nova equipe eram outros, incluindo o princípio de trabalho em equipe e também não com um membro da família e sim com a família. Assim começou a leitura da estruturação familiar da menina que, “por ser muito calada”, estava anos passando de psicólogo para psicólogo. Após um tempo, diferentes integrantes desta família começaram a buscar a Unidade de Saúde, sendo para dentista, médico, vacinas, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga. A condução ampliada do caso possibilitou movimentos e o cuidado oferecido gerou cuidado entre os familiares. Para apresentação em aula foi usada a ferramenta do Fluxograma Descritor em papel pardo, que atravessou a sala, explicitando os anos de acompanhamento psicológico para a “menina calada”, interrupções sem justificativa, até o início e os efeitos deste outro trabalho. Os colegas, em pé, refletiram sobre cristalizações diversas dos fazeres clínicos. A equipe apostou nesse fazer diferenciado, tanto nas intervenções como na apresentação.